Os alertas dados por Lula sobre a MP que reformula a Esplanada
Ao entrar em campo para apaziguar crise, presidente distribuiu recados e estancou reclamações

Em campo desde a última sexta-feira para apaziguar a crise sobre a reformulação da Esplanada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem deixado claro que não quer saber de choradeira. Tanto na reunião que teve com ministros na sexta-feira quanto em conversas reservadas, o presidente avaliou que essa discussão ganhou uma dimensão fora do razoável. E que a grande beneficiária disso tudo é a oposição.
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A medida provisória que reorganiza a estrutura do governo vence na próxima quinta-feira, depois de meses na gaveta. A demora para que o Congresso apreciasse o texto teve a ver, em parte, com o atrito entre as presidências da Câmara e do Senado sobre o trâmite das MPs. Mas muito desse episódio é reflexo da vontade da oposição de dar um recado ao governo, após a vitória na votação do novo arcabouço fiscal.
A avaliação é que, ao desidratar a área ambiental do novo governo na análise da MP, a comissão mista do Congresso que trata do tema quis mostrar quem manda. Lula, segundo relatos feitos à coluna, até se mostrou compreensivo com as insatisfações, em especial de Marina Silva, do Meio Ambiente, e Sonia Guajajara, dos Povos Indígenas. Mas não pegou leve nos recados. E insistiu que a prioridade é que a MP seja aprovada.
O caso da demarcação de terras indígenas foi usado como exemplo. Diante da preocupação manifestada por Sonia Guajajara em relação à transferência de demarcações de terras indígenas para o Ministério da Justiça, Lula teria se voltado à auxiliar e disparado: “Mas qual é o problema, Sonia? Você não confia no Dino?”. Ontem, a ministra já deu declarações dizendo confiar que o ministro Flávio Dino seguirá a política definida desde a largada do governo.
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Lula também tem ressaltado que, de nada adianta seus ministros baterem cabeça sobre as atribuições de cada pasta, enquanto correm o risco de ver toda a estrutura do governo retornar ao formato que tinha durante o governo de Jair Bolsonaro. Mais uma vez, o Ministério dos Povos Indígenas serviu de exemplo. Afinal, se a MP caducar, a pasta simplesmente deixa de existir.