O presidente Jair Bolsonaro sempre torceu o nariz para a trégua idealizada pela chamada “ala moderada” de sua campanha com o Judiciário. O presidente aceitou a duras penas participar da posse de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e engoliu a seco o discurso duro do magistrado em defesa da democracia, que foi aplaudido em pé pela plateia.
Mas a operação deflagrada ontem pela Polícia Federal fez mais do que apenas reacender a crise entre os Poderes. Ela deu ao presidente a justificativa para retomar os ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e mobilizar sua base eleitoral mais fiel, aquela que adora ver fogo no parquinho.
A ordem de Alexandre de Moraes alimentou entre bolsonaristas o discurso de que há uma tentativa em curso de calar os críticos do Supremo. Foi exatamente nesses termos que bolsonaristas como o dono da Havan, Luciano Hang, se manifestaram desde ontem nas redes sociais. Com suas contas bloqueadas, Hang gravou um vídeo em resposta à operação.
Os resultados dessa nova ruptura serão vistos no 7 de Setembro. O próprio Hang distribuiu declarações ontem associando a operação a uma tentativa de enquadrar os atos chamados para o Dia da Independência.
Já havia na campanha de Bolsonaro um racha evidente sobre como o presidente deve se comportar nas comemorações. A ala moderada vinha levando a melhor. Mas a turma mais ideológica que cerca o presidente agora ganha o reforço para convencê-lo a fazer um discurso forte, condizente com as críticas que sempre fez ao sistema eleitoral e ao Judiciário.
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