O recado de dom Orlando Brandes em Aparecida
Celebração em homenagem à padroeira do Brasil foi palco de crítica à política armamentista do governo no ano passado
No ano passado, o arcebispo dom Orlando Brandes aproveitou as celebrações de Nossa Senhora Aparecida para criticar abertamente a política armamentista do governo do presidente Jair Bolsonaro. Nesta quarta-feira, dia da padroeira do Brasil, o arcebispo abriu as celebrações incentivando o voto e falando da necessidade de derrotar o “ódio” e a “mentira”. Para isso, usou como referência a luta bíblica entre Maria e o dragão, no Apocalipse. “Tem o dragão da pandemia, que já foi vencido”, afirmou. “Mas temos o dragão do ódio, que faz tanto mal. E o dragão da mentira”, continuou.
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Antes da cerimônia, o bispo divulgou uma nota em que fez questão de diferenciar as sete missas oficiais marcadas para ocorrer dentro da Basílica de um terço organizado pelo Centro Dom Bosco, um grupo católico ultraconservador – e que terá com a presença do mandatário.
“Como nos anos anteriores, o santuário nacional irá organizar a acolhida ao presidente nas melhores práticas que um chefe de Estado requer, mas também buscando garantir que a rotina dos peregrinos não seja impactada”, diz o documento. Dom Orlando Brandes também destacou que o terço paralelo “não tem anuência do arcebispo de Aparecida” e que a consagração da santa ocorre no mesmo horário “há 65 anos”.
O Dom Bosco é um grupo de leigos, católicos, ultraconservadores que pregam o tradicionalismo da fé cristã e se opõem às medidas progressistas da Igreja. Eles já interromperam uma missa com temática “afro” em uma igreja no Rio de Janeiro e costumam participar das manifestações em apoio ao presidente, rezando terços e rosários.