Considerado um dos economistas mais influentes do País, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga traça um cenário altamente desafiador para o próximo presidente da República. Independentemente de quem assumir o Palácio do Planalto, diz o economista, será necessária uma mudança profunda na política econômica e uma ampla reforma do Estado. Convidado desta semana do Amarelas On Air, programa de entrevistas de VEJA, Fraga declara voto em Simone Tebet (MDB) e diz ainda ter esperanças no avanço de uma candidatura de centro. Mas, se tiver que optar entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro num eventual segundo turno, já é certo que não dará seu voto ao atual presidente.
“Este governo me assusta. Armar o povo, ignorar a ciência, o País meio que sair do planeta, de certa forma. Isso eu realmente gostaria de ver ficar para trás”, afirmou Armínio, deixando em aberto a possibilidade de votar no petista ou anular o voto caso sua candidata não avance para uma eventual segunda fase da eleição. Mas, se for para Lula retornar ao Palácio do Planalto, diz ele, que seja nos moldes de seu primeiro mandato.
“O PT, no início, teve um Lula com bom senso. Ele rasgou o programa do PT, jogou fora, fez um bom governo, até o Palocci ir embora. Aí começou uma mudança, que se radicalizou já na gestão Dilma (Rousseff), que foi também posta lá pelo governo anterior. O histórico completo me preocupa, porque eu vejo ali uma oportunidade única de desenvolver este Pais que foi perdida. Então, se o presidente Lula voltar com a cabeça do Lula.1, ótimo, tomara”. Mas, se o retorno se der com a mentalidade dos últimos governos petistas, “é certo que vai ser problema outra vez”, na visão do economista.
Com um discurso otimista sobre a capacidade do Brasil de reagir à crise, o ex-presidente do BC condena o discurso antidemocrático e as constantes ameaças de ruptura institucional que cercam o atual governo. “É um fator de incerteza muito grande e incerteza é paralisante. É normal os Poderes se desentenderem. Esses são os chamados pesos e contrapesos, eles existem para isso. Mas passamos longe do que seria esse equilíbrio, fomos para um Estado mais belicoso, onde as ameaças são crescentes e o desentendimento atinge níveis provavelmente nunca vistos”, disse.
Com apresentação desta colunista, o Amarelas On Air inspirou-se nas tradicionais Páginas Amarelas, que estampam a edição impressa de VEJA. A cada semana, o programa recebe um novo convidado, sempre um nome relevante da cena política e econômica. A entrevista é feita por uma bancada composta de jornalistas de VEJA e convidados. A entrevista com Armínio Fraga teve a participação de Sonia Racy, colaboradora do jornal O Estado de S. Paulo, da Rádio Eldorado e da Band, e Carlos Eduardo Valim, editor de Economia de VEJA.
O Amarelas On Air é parte da estratégia digital de VEJA, que contempla a expansão da área de vídeo e de projetos multimídia. O programa estreou em setembro do ano passado e, desde então, recebeu grandes nomes da cena política e econômica do país. A entrevista está disponível no YouTube, Facebook e Twitter. Também ganhou versões para Instagram e LinkedIn.
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