Com depoimento marcado para esta segunda-feira e alguns buracos em sua história, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) decidiu apostar na estratégia do silêncio. Desde o fim da semana passada, advogados da parlamentar difundem a informação de que ela ficará quieta, caso não tenha acesso aos autos até o momento da oitiva, agendada para o começo da tarde.
O silêncio de fato faz sentido quando se analisa a versão apresentada até agora pela deputada para justificar sua relação com Walter Delgatti. O hacker, que já era conhecido por vazar informações de agentes da Lava-Jato, revelou o caso em detalhes a VEJA. Zambelli empenhou-se em afirmar que pagou Delgatti apenas para cuidar da integração de seu site com suas redes sociais. O serviço, admite a própria deputada, não chegou a ser efetivamente prestado. Ainda assim, ela teria optado por não pedir o ressarcimento dos recursos.
Ter a habilidade de hackear redes pouco tem a ver com otimização de redes sociais. A integração de redes sociais não explica que ela leve o hacker ao encontro do presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Imagine, então, levá-lo ao encontro do presidente da República, no Palácio da Alvorada. E tudo isso aconteceu, confirmado pelo próprio Walter Delgatti a VEJA.
O argumento para que Carla Zambelli permaneça em silêncio é o de que sua defesa não teria tido acesso aos autos. O que o Supremo Tribunal Federal afirma, segundo informou a jornalista Daniela Lima, da Globonews, é que o acesso foi concedido.
Com ou sem silêncio, o fato é que a situação de Carla Zambelli é difícil dentro do próprio bolsonarismo. No entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro, o que se ouve é que não há qualquer sinal de solidariedade com a parlamentar. Bolsonaro, aliás, joga na conta de Carla Zambelli boa parte da fatura pela derrota nas urnas no ano passado. Afinal, foram poucos os votos que o separaram do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E a cena de Carla Zambelli perseguindo um homem pela rua com a arma em punho certamente não ajudou.