Escritório em Londres permite entrar pedalando e marca leva de construções voltadas a ciclistas
Em São Paulo, ciclovias e Plano Diretor podem inspirar projetos semelhantes no futuro --- ou pelo menos a instalação de vestiários no presente
Um complexo comercial em Londres se tornou o primeiro escritório “pedalável” do mundo. Usando uma rampa instalada no térreo, os ciclistas podem entrar no edifício pedalando e seguir até um bicicletário com 250 vagas, equipado com armários e vestiário, localizado no segundo piso.
O projeto é do Studio RHE, responsável pela reforma do interior de três torres erguidas entre 1910 e 1930 em Finsbury Circus, centro financeiro da capital inglesa. Juntas, elas compõem o Alphabeta, como é chamado o complexo. Além do biciletário, o interior tem divisórias deslizantes criam passagens em labirinto. O custo total da repaginação foi de 48 milhões de libras (293 milhões de reais).
Em janeiro, o arquiteto Norman Foster já havia anunciado a construção, também em Londres, do primeiro edifício residencial voltado a ciclistas. Chamado de 250 City Road, o empreendimento terá 930 apartamentos, 1486 vagas para bicicletas e apenas 200 vagas para carros. O prédio contará ainda com elevador para bikes e uma oficina interna, confirmando a tendência londrina de projetar para ciclistas.
Essas novas construções já seguem a orientação da secretaria de transporte de Londres, publicadas no início do ano, para incentivar o uso de bicicletas na cidade. O prefeito Boris Johnson planeja a construção de uma enorme ciclovia expressa que cruzará a capital. A empreitada divide a opinião pública, mas os desenvolvedores imobiliários já abrem espaço para atender o novo filão.
Em São Paulo, uma pesquisa sobre mobilidade divulgada nesta semana mostra que o número de viagens de carro diminuiu do ano passado para cá. Dos 56% dos entrevistados que usavam o carro diariamente em 2014, passaram a 45% neste ano. Paralelamente, a resistência ao uso de bicicletas vem caindo. Dos 24% que afirmaram não que pedalariam de jeito nenhum em 2014, apenas 13% mantiveram a opção neste ano. O estudo é da Rede Nossa São Paulo em parceria com a Fecomércio.
A construção de ciclovias na cidade, somada à restrição de garagens imposta pelo Plano Diretor, que permite apenas uma vaga por unidade, pode fazer surgir em breve os primeiros empreendimentos voltados a ciclistas em São Paulo. Se serão norteados somente por estratégias de marketing ou se conseguirão propor uma nova abordagem para espaços corporativos e residenciais, isso ainda está para ser descoberto.
A verdade é que, por enquanto, a maioria dos prédios de escritório paulistanos não tem nem bicicletário, quanto mais vestiário para atender os ciclistas. Pedalar na capital paulista depende essencialmente da boa vontade e da capacidade de improviso dos ciclistas. Nesse sentido, Londres pode dar um bom caminho sobre como oferecer a infraestrutura necessária para que o discurso favorável à bicicleta seja convertido em boas práticas.
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Por Mariana Barros
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