Eduardo Cunha e a cúpula do PT passaram boa parte de 2015 travando uma guerra fria. Um evitava mexer com o outro com medo que o ataque disparasse uma destruição mútua. “Lula pede cautela ao PT contra Cunha”, estampou o blog petista Brasil 247 em agosto. Dois meses depois, Jaques Wagner fez o mesmo pedido.
Cunha seguiu o tratado de paz. Até 30 de setembro, já havia engavetado nove pedidos de impeachment de Dilma.
Mas os deputados petistas desobedeceram Lula. Em 2 de dezembro, votaram a favor do continuidade do processo de cassação de Cunha, que respondeu no dia seguinte abrindo o processo de impeachment.
Os dois lados trocaram mísseis atômicos. Os dois lados se aniquilaram.
O resultado dessa guerra nuclear foi ótimo para o Brasil. Corruptos que passaram anos e anos se protegendo destruíram a si próprios. Difícil pensar num final mais feliz.
Petistas costumam usar essa vingança de Cunha como argumento a favor da teoria do golpe contra Dilma. Bobagem: havia razões de sobra para a abertura do processo contra Dilma. Golpe seria ter engavetado os pedidos de impeachment contra uma presidente que, para se reeleger, corrompeu a democracia brasileira ao gastar mais do que podia e ao se aliar a grandes empreiteiras em trocas de verbas de campanha.
@lnarloch