É impressionante um candidato tão pouco populista quanto Pedro Pablo Kuczynski vencer uma eleição na América Latina. É como se Armínio Fraga fosse eleito presidente do Brasil – e com o apoio dos petistas, que votariam nele para evitar a vitória de Jair Bolsonaro.
A esquerda peruana, liderada por Verónika Mendoza, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, apoiou PPK porque o considerava um mal menor diante de Keiko Fujimori.
Como Armínio, PPK estudou na Universidade Princeton, trabalhou em Wall Street, passou boa parte da vida nos Estados Unidos e tem americanos na família. Armínio é filho de uma americana, PPK é casado com uma. Os dois também têm cidadania americana – ou melhor, PPK renunciou à cidadania durante a campanha, para evitar mais ataques de quem o considerava estrangeiro demais para ser presidente de Peru.
Ex-ministro das finanças, PPK foi o candidato preferido da centro-direita, do tucanato peruano – os empresários, investidores e a classe média enriquecida com o crescimento da economia.
A personalidade dos dois também tem semelhanças. PPK e Arminio Fraga são economistas calmos e meio enfadonhos de tão realistas. As propostas, também as mesmas – diminuir a rigidez das leis trabalhistas, para incentivar a formalização dos trabalhadores, e facilitar a vida de empresas e grandes investidores, para que não tenham medo de investir e criar empregos no país.
Poucos anos atrás, estávamos preocupados com o avanço do bolivarianismo na América Latina. A vitória desse Armínio Fraga peruano dá um baita alívio. Mostra que o populismo antiamericano nem sempre dá certo por aqui.
@lnarloch