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Se PSDB não apoiar Bolsonaro, o partido vai erodir mais, diz Imbassahy

Para o deputado federal tucano Antonio Imbassahy, que não foi reeleito, o partido não deve discutir participação no novo governo com cargos

Por Rodrigo Daniel Silva
Atualizado em 8 nov 2018, 23h49 - Publicado em 8 nov 2018, 23h14
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  • O deputado federal baiano Antonio Imbassahy defende que o seu partido, o PSDB, tome uma “posição muito clara” de apoio ao governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) sob pena de perder identidade. Para ele, a sigla tem que tomar a decisão nas próximas semanas.

    “A gente tem que dar uma contribuição. É obrigação nossa dar para fazer a reforma e recuperar a economia. Se não fizer isso, o partido vai continuar sem identidade e vai ficar erodindo mais ainda junto à população brasileira. Tem que ter uma posição firme, clara e agora”, afirmou o tucano baiano, em entrevista a VEJA.

    Para Imbassahy, o partido não deve discutir participação no governo com cargos. O parlamentar disse que a sigla deveria ter ficado ao lado de Bolsonaro no segundo turno das eleições e se mostrou contra o fato de membros do PSDB sinalizarem apoio ao PT. “Eu acho que não foi bom. Isso confunde a opinião pública. Também soa contraditório. Isso tira autenticidade e a identidade do partido. Isso não contribuiu”, pontuou.

    Imbassahy é contra o governador eleito de São Paulo, João Doria, assumir o comando do PSDB nacional. Sobre o futuro de Geraldo Alckmin na presidência do partido, disse que cabe ao ex-governador decidir. Ex-ministro da Secretaria de Governo do presidente Michel Temer (MDB), o baiano admitiu que a impopularidade do emedebista atrapalhou sua candidatura à reeleição. O tucano acabou não sendo reconduzido ao cargo de deputado federal.

    Imbassahy disse, no entanto, que não se arrepende de ter integrado a equipe presidencial e ressaltou que o PSDB deveria ter ficado até o fim do governo Temer.

    Onde o PSDB errou para ter um desempenho tão fraco na eleição? Muitos fatores contribuíram para isso, mas não quero entrar nisso. O importante agora é o partido olhar para frente. É o partido reafirmar sua identidade, ter uma agenda e ter posição definida sob pena de ficar nessa hesitação permanente e perder a credibilidade junto à população brasileira. Aquele debate interno, que aconteceu no ano passado, com aquela virulência toda, não foi bom para o partido. Passa uma impressão muito negativa para a população brasileira.

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    De que maneira deve ocorrer a renovação do PSDB? Primeiro tendo uma agenda muito clara, de interesse nacional. O PSDB é um partido programático e tem bons quadros. Tem serviços prestados ao Brasil, mas se desconectou de uma realidade nacional. O resultado a gente viu agora acontecendo. O que defendo dentro do partido? Uma posição de apoio ao novo governo sem significar, de forma alguma, participação em cargos. A maioria do partido defende isso. Tem que ter uma posição clara de apoio ao presidente eleito até por uma questão de brasilidade e apresentar um programa para aplicar ao país. É importante que a gente tenha essa posição muito clara. Não tendo a posição clara gera o desconforto interno e essa posição não pode ficar para maio. Essa decisão tem que ser tomada nas próximas semanas. Por que não pode ser para maio? Porque o governo eleito já começa anunciar projetos e não podemos passar meio ano sem ter uma posição e o governo já operando. Tenho ajudado a fazer esse trabalho de maneira até discreta, mas estou fazendo.

    Não cabe a Bolsonaro procurar o apoio dos partidos? Aí tem que ter uma coisa interativa. Tem que ser o presidente, que é o líder e foi eleito para isso, e os partidos têm que assumir uma postura colaborativa. É isso que estou procurando dentro do PSDB. Não pode ficar na perplexidade. A gente tem que dar uma contribuição. É obrigação nossa dar para fazer a reforma e recuperar a economia. Se não fizer isso, o partido vai continuar sem identidade e vai ficar erodindo mais ainda junto à população brasileira. Tem que ter uma posição firme, clara e agora.

    Mas deve ter censura ao fato de o PSDB ocupar posto no governo de Bolsonaro? Não se trata disto. Esse debate não deve ser nem instalado.

    Após a eleição, o governador eleito de São Paulo, João Doria, virou a maior força política dentro do PSDB. Ele deveria assumir o comando nacional da sigla? De forma nenhuma. A tarefa do Doria é governar São Paulo para fazer um governo de excelência. Ele foi eleito para isso.

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    Geraldo Alckmin deve ser substituído da presidência nacional do partido? Essa é uma decisão que será deliberada por conta do desejo e da vontade do Geraldo Alckmin. Tenho até uma conversa programada com ele na próxima segunda-feira. Nós vamos conversar com ele até para ouvir a opinião dele sobre o destino do partido. Ele tem que ter uma voz relevante nesta definição.

    O PSDB decidiu não apoiar nem Jair Bolsonaro nem Fernando Haddad no segundo turno da eleição presidencial. Como o senhor avaliou esta posição? Muitos partidos agiram desta maneira. A minha posição foi de apoio claro ao Bolsonaro até porque, de uma forma ou de outra, significa o anti-PT. Tudo aquilo que o PSDB fez ao longo da sua história. Nós protagonizamos o impeachment de uma presidente do PT. Então, não tinha sentido dois anos depois se abraçar com o PT. Eu acho que essa foi uma decisão tomada pela maioria da executiva do partido que eu discordei.

    A sinalização de alguns tucanos ao PT no segundo turno prejudicou o PSDB? Eu acho que não foi bom. Isso confunde a opinião pública. Também soa contraditório. Isso tira autenticidade e a identidade do partido. Isso não contribuiu.

    O senhor cogita mudar de partido? Não vou especular sobre o meu destino.

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    Quais são seus projetos futuros? Não estou pensando nisso. Agora, eu quero continuar na política. Gosto da política. Na verdade, eu gosto da vida pública. Eu sabia que seria uma eleição muito difícil. A gente percebia.

    O senhor acabou não sendo reeleito. Ao que atribuiu a derrota? Não tive votos. Tivemos dificuldades com o candidato a presidente e o candidato a governador. Tudo isso somado com outros fatores fez com que nossa bancada tanto na Assembleia quanto na Câmara Federal ficasse bastante reduzida.

    A decisão do prefeito de Salvador, ACM Neto, de não ser candidato ao governo da Bahia foi um dos motivos? Evidentemente que, se ele fosse candidato, nós teríamos de largada um candidato mais competitivo, mas a gente respeita a decisão que ele tomou.

    A impopularidade do presidente Temer contribuiu? Também. Não tenho dúvida de que pode ter contribuído a falta de aceitação popular dele. O governo de reformas sempre tem incompreensões.

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    O senhor se arrepende de ter sido ministro de Temer? De forma nenhuma. Cumpri minha tarefa e ajudei o Brasil. Eu ajudei muito a tirar a Dilma (Rousseff) e a estabilizar o país. Se algumas pessoas não compreenderam, paciência. Eu fiz até porque foi uma convocação partidária do agrupamento que queria a estabilização do país e a transição em paz.

    O PSDB deveria ter ficado no governo Temer até o fim? Essa era a minha posição. Tinha que introduzir a agenda do PSDB. Teria um presidente da República constitucional com uma agenda de reformas.

    Como o senhor acha que o governo Temer será lembrado? Só o futuro vai dizer, mas, sem dúvida nenhuma, o balanço é muito positivo. Não tenho dúvida disto. Ele fez o teto dos gastos, a reforma trabalhista, a reforma do ensino médio, estabilizou a inflação e recuperou a economia.

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