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Valentina de Botas: Responde e/ou te devoro e outras notas

A PF dá 24 horas para Temer e levará 30 dias para periciar a gravação de 40 minutos

Por Augusto Nunes Atualizado em 8 jun 2017, 19h09 - Publicado em 8 jun 2017, 18h50

Responde e/ou te devoro e outras notas

Antes de Edson Fachin estender o prazo de Temer até sexta-feira, o presidente tinha 24 horas para responder quase 200 perguntas da Polícia Federal inspiradas pelo refundador-geral da república. As 80 e tantas embutem outras, o que eleva a quantidade. A PF tem pressa: dá 24 horas para Temer e levará 30 dias para periciar a gravação de 40 minutos que Janot deveria ter mandado periciar antes de não a usar para coisa nenhuma. Mas os dias são assim e, tomado por repentina pressa, Janot dispensou a picuinha legal porque, desperto do sono para “os interesses do país”, a lei passou a atrapalhar o cumprimento da lei. Depois de Lula ter instalado o mensalão e progredir para o petrolão sem que lhe fosse imposto prazo para perguntas jamais feitas, vamos tirar o atraso. Só acho que devemos ficar de olho, o povo não é bobo: Temer está enrolando, querendo ganhar tempo enquanto é devorado; depois de ler as perguntas da PF, em dois minutos ele poderia apressar as coisas e responder tudo com duas perguntas simples: 1 – OK, Janot, mas e o Lula? 2 – OK, Fachin, mas e julgar alguém que o ajudou a cabalar votos para a sabatina no Senado para o STF?

 

Por falar em bandidos de estimação

Depois de Lula no segundo turno das diretas-já que nem mesmo ele quer agora e só as insufla ajudado por tanta gente (de artistas a intelectuais, passando pelo ministro Roberto Barroso, aquele com complexo de legislador) para manter a nação atribulada e, assim aturdida e desencantada, ser convencida de que só ele faz a paz; depois de o ex-goleiro Bruno dar autógrafos para crianças nos treinamentos do Boa Esporte; Suzane Richtofen atrai tietes nas saídas temporárias da cadeia. Desta vez, a jovem que tramou o assassinato dos pais e foi ao motel, chorou no velório deles e quis a herança, é vista distribuindo autógrafos e é convidada por cidadãos comuns para selfies nas ruas de duas cidades do interior de São Paulo. Por favor, não me entendam mal, não estou comparando o chefe da organização criminosa (segundo o Ministério Público) a Bruno e Suzana: o mal indizível que estes dois fizeram atingiu um número restrito de pessoas.

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Ah, se esse país tivesse outro jeito torto de ser

Temer, quando vice decorativo de Dilma, viajou com Marcela e o filho no avião da JBS/esleys em 2011. Anunciaram as roucas trombetas do fim do mundo. Um dos esleys (parece que o Jo) ainda deixou flores para Marcela e teve de armar um esquema com a própria mãe para diluir o ciuminho do presidente. Um pândego esse Joesley, não é mesmo? Ô se é! A casa onde o ministro Edson Fachin participou de um jantar numa longa jornada noite adentro quando em campanha pelo STF também é de Joesley Batista. E quem é Ricard Saud que cabalou, entre congressistas, votos para Fachin ser aprovado para o STF? O homem da mala. Homem da mala de quem? De Joesley Batista, cuja delação com vistas para o Central Park foi chancelada pelo mesmo Fachin. Tão impróprio quanto Temer usar o avião dos esleys é Fachin ser o relator do caso em que os irmãos reluzem. O país só terá jeito quando as duas coisas forem repelidas. Quem pretende lhe dar um jeito repelindo só uma delas – não importa qual –, está lhe dando um novo jeito torto de ser.

 

Lava Jato de raiz e Lava Jato com alfafa

Grande parte da imprensa se entreteve com a viagem de Temer no tal avião como prova da intimidade dele com a JBS. Nem precisava, mas vale tudo. Ou quase: não vale falar de Fachin, Janot e da intolerável porque ilegal e imoral delação dolarizada dos esleys; quem falar disso é leigo, idiota, não entende nada; ou está defendendo bandido. Tem de calar a boca. Bem, se no reino da intolerância e do desencanto em que os moralistas se prestam à manipulação, for possível escolher, fico na caixinha dos leigos, que é melhor do que defender bandido e porque sou leiga mesmo. Felizmente, a ministra Cármen Lúcia já determinou que cala-boca-já-morreu. Então falo o que vejo. Certo jornalismo fast-food de notinhas insinuantes e parte do jornalismo televisivo, que querem o país lavado a jato sem questionar a limpeza de quem lava nem se importar com a ridicularia de determinadas narrativas, serviram de novo a cabeça de Temer acompanhada de alfafa, guarnição frequente desde que Janot e Fachin deram-se as mãos para perdoar o passivo penal dos esleys cujas sentenças somariam 2.448 anos, segundo o essencial editorial do Estadão de hoje que segue como uma das poucas ilhas de lucidez no país que se voluntariou para o caos. Aquele jornalismo fast-food, o televisivo e parte do, digamos, tradicional, cuja atuação foi decisiva para que a Lava Jato continuasse operando, se continuarem tratando a armação Janot-Fachin como a Força Tarefa de Sérgio Moro, vão misturar alfafa e raiz. Se isso não traduz o fim do mais auspicioso acontecimento no país redemocratizado – a operação Lava Jato –, traduz o veto ao país que ela desenhou.

 

Uma mulher, um gay, um cristão, um ateu, um judeu

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Achei bacana e tal quando o muçulmano Sadiq Taran foi eleito prefeito de Londres, mas não achei nada extraordinário. Os atentados islamoterroristas em série na cidade me fizeram lembrar o que pensei à época: o fato extraordinário, digno de grande celebração por cidadãos de bem do mundo, é quando houver, em Riad, Cabul ou Teerã, um prefeito judeu ou cristão ou budista ou ateu ou mulher. Ficaram confusos? Então vocês entenderam.

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