Clique e Assine VEJA por R$ 9,90/mês

Augusto Nunes

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Valentina de Botas: O ser humano é o cara

VALENTINA DE BOTAS É fundamental, claro, manter o combate à súcia. Mas e se falássemos um pouco de outra coisa? Amo quase em segredo. Pela biografia dele, amá-lo é politicamente incorreto, imoral, injustificável até, ingênuo e inútil a um só tempo. Mais fofo seria amar os animais e a natureza. Mesmo não sendo exatamente fofa […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 00h09 - Publicado em 8 nov 2015, 16h57
  • Seguir materia Seguindo materia
  • VALENTINA DE BOTAS

    Publicidade

    É fundamental, claro, manter o combate à súcia. Mas e se falássemos um pouco de outra coisa? Amo quase em segredo. Pela biografia dele, amá-lo é politicamente incorreto, imoral, injustificável até, ingênuo e inútil a um só tempo. Mais fofo seria amar os animais e a natureza. Mesmo não sendo exatamente fofa e nem dessas pessoas que abraçam árvores, respeito a natureza – essa coisa tirânica – e jamais maltrataria algum animal. Mas meu amor é pela humanidade: acho o ser humano o cara.

    Publicidade

    Claro, algo deu muito errado com a espécie que faz maldades impensáveis; que inventou o axé baiano e o funk carioca, a pochete, aquele cabelo do Donald Trump (o Donald Trump!) e tal. Mas também há a amizade, Fellini e Borges, a dança – meu Deus, a dança! –, o vinho no mais profundo dos momentos chamado agora com quem queríamos estar enquanto Aznavour canta La Boheme, a macarronada de domingo, o vento no rosto, o fim de tarde caramelado em Picinguaba, os sambas da Clara Nunes, esta coluna, aquela paçoca de pilão que acompanha o café moído na hora lá naquele restaurante rústico na estrada para Campos do Jordão, a risada dos filhos.

    Publicidade

    Enfim, como resistir ao bicho em cujo coração, segundo Dostoiévski, se debatem Deus e o diabo? Escrevo a propósito do centenário da teoria da relatividade geral, registrado na belíssima matéria da revista VEJA da semana passada. O texto condensa a trajetória humana que (se) desvenda na investigação do espaço e termina afirmando que o segundo centenário da ideia magnífica de Einstein pode ser celebrado, pelos desdobramentos dela, “escutando os sons da criação”.

    Continua após a publicidade

    Essa inquietação abriga o mistério fascinante quanto a existir companhia lá fora e, em certo sentido, Deus curou a solidão cósmica do homem cristão, mas a espiritualidade não respondeu a tudo. Em 1977, as Voyager 1 e 2 levaram, a quem interessar possam, registros com saudações dos humanos em várias línguas; sons da Terra como o da erupção de um vulcão, do mar e das vozes de animais; e músicas. Lançar no espaço amostras do que somos testifica nossa solidão existencial na fantasia de não apenas sermos encontrados, mas também compreendidos; pois não é a incompreensão a forma absoluta de solidão?

    Publicidade

    Em 2004, a Voyager 1 deixou nosso sistema; em uns 40 mil anos, a Voyager 2 alcançará a constelação de Andrômeda. É longe, mas é perto: ainda na Via Láctea, ela é o corpo celeste mais distante que conseguimos ver a olho nu e de um alumbramento transformador no Planetário do Ibirapuera ou no deserto da Tunísia. Ora (direis), ouvir estrelas, certo perdeste o senso, Valentina; e direi que sim na esperança de que ouvir os sons da criação nos humanize mais e nos faça cuidar melhor da Terra e desses apaixonantes humanos tão sós entre bilhões de nós mesmos.

    Afinal, o planeta azul é o único onde, pelo que se sabe, toma-se vinho e ouve-se Aznavour.

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 9,90/mês*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.