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Augusto Nunes Por Coluna Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Valentina de Botas: Debater o flerte indecoroso com a escuridão é um despropósito. Olhemos para a frente, amigos. É lá que o futuro nos aguarda

“INTERVENÇÃO MILITAR JÁ. MAS, OLHEM BEM, SENHORES MILITARES, NADA DE DITADURA; OS SENHORES VÊM, INTERVÊM E VÃO EMBORA. ARRUMAM TUDO SEM MEXER NA NOSSA DEMOCRACIA, HEIN? DEPOIS, DEVOLVEM O PAÍS PARA OS CIVIS, QUE A GENTE PROMETE NÃO FAZER MAIS BESTEIRA”. Que tal um cartaz assim para os porta-vozes da cretinice-do-bem? Sim, cretinice; não, Charles […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 02h32 - Publicado em 2 dez 2014, 00h41
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  • “INTERVENÇÃO MILITAR JÁ. MAS, OLHEM BEM, SENHORES MILITARES, NADA DE DITADURA; OS SENHORES VÊM, INTERVÊM E VÃO EMBORA. ARRUMAM TUDO SEM MEXER NA NOSSA DEMOCRACIA, HEIN? DEPOIS, DEVOLVEM O PAÍS PARA OS CIVIS, QUE A GENTE PROMETE NÃO FAZER MAIS BESTEIRA”.

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    Que tal um cartaz assim para os porta-vozes da cretinice-do-bem? Sim, cretinice; não, Charles A. (01/12, 11:44 e 11:51), não devo desculpas a nenhuma besta de leviandade escancarada em um cartaz cretino deformando, intencionalmente ou não, protestos que buscam o futuro. O fato de cretinice não ser crime e ser um direito, dependendo, não impede de chamar o cretino de cretino.

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    Os críticos jamais afirmamos que ele pediu uma ditadura, mas que ela vem sem ser chamada. Já vimos este filme: a democracia morre no final. Ora, a ditadura militar que amargamos não começou como ditadura, não por falta de um cartaz disparatado como o que abre este comentário, mas porque a intervenção militar que a precedeu foi como todas as intervenções militares que precedem ditaduras: elas precedem ditaduras. Fui muito sutil? Os militares não resolverão o drama que vivemos porque nada nele é de solução militar.

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    Apanhei numa passeata contra a ditadura, era uma adolescente desarmada, franzina e de cara limpa que, se não oferecia nenhum perigo à integridade física dos soldados, lhes pareci uma ameaça ao regime e levei pancada no meio da rua. Hoje, não me ofendo quando me chamam de direitista nem de esquerdista; não sou é lulopetista, mas democrata e odeio a roubalheira e a jequice dessa súcia que não é de esquerda, direita ou centro, é só autoritária. Como não é elitista nem popular, mas apenas escória.

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    Também não vejo a hora de livrar dela o país, mas sempre pelo caminho eventualmente lento e inerentemente infindável da democracia, pavimentado passo a passo, porque, entre ser oprimida pela escória civil ou militar, não quero ser oprimida por nenhuma. Até aqui, discutimos aspectos políticos da coisa toda. Agora, aproveito o oportuno comentário da caríssima Tania (30/11, 23:35) para lembrar o sofrimento imposto ao país pela ditadura e por aqueles que, com atos terroristas e pela via armada, queriam outra no lugar dela.

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    Assassinos não têm lado, são apenas assassinos; e as vítimas deles, independentemente de inocência ou culpa e matiz ideológico, não se restringem aos torturados, aos mutilados e aos mortos. Uma coisa dessas avilta um país inteiro. Dizia que apanhei da polícia, pois bem, no meio da selvageria, um soldado disse “ela é só uma menina, deixa ela, vai pra casa, pirralha do ca****o e vê se não dá mais desgosto para os teus pais”. Herzog, Stuart Angel (o filho na música do Chico que a Tania lembrou) e Paulo Macena (vigia do cine Bruni, no Rio, morto na explosão de uma bomba deixada por comunistas), por exemplo, não tiveram a minha sorte.

    Também pela memória deles e dos demais brasileiros, dos dois lados que são um só – o das vítimas tragadas naquela noite –, estarmos discutindo o flerte indecoroso com a escuridão é um despropósito. Olhemos para a frente, amigos, é lá que o futuro nos aguarda.

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