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Augusto Nunes

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Semana Ferreira Gullar: os primeiros versos do Poema Sujo

POEMA SUJO turvo turvo a turva mão do sopro contra o muro escuro menos menos menos que escuro menos que mole e duro menos que fosso e muro: menos que furo escuro mais que escuro: claro como água? como pluma? claro mais que claro claro: coisa alguma e tudo (ou quase) um bicho que o […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 15h08 - Publicado em 6 jun 2010, 00h35
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    POEMA SUJO

    turvo turvo
    a turva
    mão do sopro
    contra o muro
    escuro
    menos menos
    menos que escuro
    menos que mole e duro menos que fosso e muro: menos que furo
    escuro
    mais que escuro:
    claro
    como água? como pluma? claro mais que claro claro: coisa alguma
    e tudo
    (ou quase)
    um bicho que o universo fabrica e vem sonhando desde as entranhas
    azul
    era o gato
    azul
    era o galo
    azul
    o cavalo
    azul
    teu cu

    tua gengiva igual a tua bocetinha que parecia sorrir entre as folhas de
    banana entre os cheiros de flor e bosta de porco aberta como
    uma boca do corpo (não como a tua boca de palavras) como uma
    entrada para
    eu não sabia tu
    não sabias
    fazer girar a vida
    com seu montão de estrelas e oceano
    entrando-nos em ti

    bela bela
    mais que bela
    mas como era o nome dela?
    Não era Helena nem Vera
    nem Nara nem Gabriela
    nem Tereza nem Maria
    Seu nome seu nome era…
    Perdeu-se na carne fria
    perdeu na confusão de tanta noite e tanto dia
    perdeu-se na profusão das coisas acontecidas
    constelações de alfabeto
    noites escritas a giz
    pastilhas de aniversário
    domingos de futebol
    enterros corsos comícios
    roleta bilhar baralho
    mudou de cara e cabelos mudou de olhos e risos mudou de casa
    e de tempo: mas está comigo está
    perdido comigo
    teu nome
    em alguma gaveta.

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