Em 1992, quando o Partido Comunista Brasileiro se transformou no Partido Popular Socialista, o deputado Roberto Freire precipitou um processo de mudanças que foram muito além da troca do nome da legenda e do cargo que ocupava. Último presidente do PCB e primeiro presidente do PPS, coube a Freire a missão de sepultar o velho Partidão (e com ele a versão brasileira do comunismo ortodoxo) para buscar uma vertente socialista que se ajustasse aos tempos modernos.
Confrontado com o colapso do império soviético, o deputado compreendeu que o mundo mudara, o modo de produção mudara e já não faziam sentido nem o manual do marxismo-leninismo nem os princípios clássicos do capitalismo. O discurso de Freire não tem parentesco com o reiterado durante a vida inteira por Luiz Carlos Prestes, secretário-geral do PCB por quase 50 anos. Mas ele mantém intocadas convicções que afastam os herdeiros do Partidão da esquerda do PT.
“Os comunistas nunca se envolveram em casos de corrupção”, exemplifica. Outra diferença está na concepção do estado. Os dirigentes do antigo PCB, segundo Freire, sempre acreditaram que o caminho do socialismo desembocaria na extinção do mamute estatal. Para o presidente do PPS, candidato a deputado federal por São Paulo, o Estado forte defendido pelo PT é essencialmente o mesmo com que sonharam os ideólogos do fascismo.
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