Ao assumir o comando da Seleção, o técnico Mano Menezes combinou com o supercartola Ricardo Teixeira que o calendário de amistosos seria preenchido por jogos contra adversários menos medíocres que os habituais, invariavelmente escolhidos por critérios políticos ou comerciais.
Alegando falta de tempo, o dono da CBF não cumpriu a promessa em setembro. Mano teve de conformar-se com uma semana de treinos em Barcelona. Hoje, ficou sabendo dos compromissos internacionais marcados para outubro. No dia 7, a Seleção enfrentará o Irã em Abu Dhabi. No dia 11, jogará contra a Ucrânia em Derby, na Inglaterra.
Absorvido pela lucrativa trabalheira ─ novos estádios, contratos bilionários, obras sem licitação e outras gastanças patrióticas ─ Teixeira não tem cabeça para pensar no time. As reivindicações de Mano Menezes podem ficar para depois. E não podem prevalecer sobre os pedidos encaminhados ao presidente do País do Futebol pelo presidente do País do Carnaval. Lula quer despedir-se do governo com demonstrações de apreço aos companheiros do Irã e da Ucrânia? A Seleção está aí para isso.
Há dias, depois de um encontro com Mahmoud Ahmadinejad em Nova York, o chanceler Celso Amorim, caprichando na pose de espião de chanchada, informou que tratara de “várias questões internacionais” com o amigo atômico de Lula. Agora se sabe quais foram. Entre outras relevâncias, Amorim deve ter ensinado a Ahmadinejad que Pato e Ganso não são animais. Ganso, recuperando-se de uma lesão, estará longe do perigo. Pato, se o tradutor foi competente, pode tentar o gol sem medo de acabar apedrejado.