As boas notícias originárias do campo não se limitam às quantidades de grãos produzidas, estendendo-se ao valor da produção agropecuária, que deverá aumentar, em termos reais, de R$ 592,4 bilhões em 2018 para R$ 600,9 bilhões em 2019. Confirmadas as projeções do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) deste ano divulgadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), ocorrerá em 2019 o segundo maior VBP da história, inferior apenas ao de 2017, quando atingiu R$ 604,2 bilhões.
Um único produto — a soja — deverá impedir um novo recorde do VBP. Em 2018, o valor da produção de soja atingiu R$ 147,7 bilhões, com perda estimada em mais de R$ 20 bilhões neste ano, para R$ 127,7 bilhões. Por isso, a evolução do valor da produção das lavouras deverá ser de apenas 0,4%, para R$ 398,6 bilhões. Mas a maioria dos produtos mostrou bom desempenho, segundo José Garcia Gasques, coordenador-geral de Estudos e Análise da Secretaria de Política Agrícola do Mapa. As lavouras de algodão, amendoim, banana, batata-inglesa, feijão, laranja, milho, tomate e trigo se destacaram.
Indicadores ainda melhores vieram da pecuária, que deverá gerar um valor bruto de produção de R$ 202,3 bilhões, superior em 4,1% ao de 2018. Bovinos, suínos e, em especial, frangos, foram os destaques. O valor da produção de frangos deverá passar de R$ 55,1 bilhões em 2018 para R$ 62,3 bilhões neste ano — um ganho significativo de quase R$ 7,2 bilhões.
Os números relativos às regiões também são positivos, com avanço do valor bruto da produção em dois a cada três Estados analisados. O maior produtor agropecuário do país é Mato Grosso, cujo valor da produção deverá aumentar, entre 2018 e 2019, de R$ 88,2 bilhões para R$ 92,9 bilhões, crescimento de 5,3%. Para São Paulo, está estimado um aumento de R$ 72,4 bilhões para R$ 75,9 bilhões (+4,9%).
Em alguns Estados, o crescimento será, porcentualmente, muito elevado, mas com pouca influência no conjunto, dado seu baixo peso relativo, caso do Amazonas, de Roraima, de Pernambuco e de Sergipe.
A produção agropecuária tem peso decisivo na retomada econômica, evitando que o País enfrente o risco de recessão, que se caracterizaria pela queda do Produto Interno Bruto (PIB) no trimestre em curso. O apoio oficial, via financiamento, será decisivo para isso.