Em 29 de setembro de 1986, eu estava no grupo de entrevistadores de Paulo Brossard, então ministro da Justiça, na estreia do Roda Viva, com a moderação de Rodolfo Gamberini. Em meados de 1987, tornei-me o segundo apresentador do programa, que comandei por dois anos e alguns meses. Voltei em agosto de 2013 ao posto que deixarei de ocupar neste 31 de março.
Tudo somado, ao longo de oito anos conduzi perto de 500 entrevistas e debates. Incluídas as participações como entrevistador fixo do Roda Viva apresentado em 2010 por Marília Gabriela, ou como integrante da bancada de convidados, talvez tenha passado mil e uma noites de segunda-feira no estúdio da TV Cultura. Esses números superlativos me autorizam a despedir-me com orgulho do mais longevo e respeitado programa de entrevistas da TV brasileira.
No primeiro ciclo como apresentador, fiz o possível para consolidar um Roda Viva ainda na infância. No segundo, procurei utilizar o prestígio do programa para tornar o Brasil menos primitivo e mais democrático. Creio que ambas as missões foram cumpridas. Além da coluna neste site e dos programas na Jovem Pan, há outras aventuras à minha espera. É hora de vivê-las, sempre intensamente.
A segunda missão ficaria incompleta se eu não conseguisse trazer para o Roda Viva um personagem ainda ausente da galeria de protagonistas da história do Brasil que enriqueceram o acervo do programa nascido há quase 32 anos. Na noite de 26 de março, estará no centro da roda o juiz Sergio Moro, em sua primeira entrevista ao vivo concedida a uma emissora de TV.
O magistrado que simboliza a Operação Lava Jato vai conversar durante 90 minutos com cinco jornalistas do primeiríssimo time. Milhões de telespectadores testemunharão um depoimento que o Brasil inteiro aguarda com ansiedade há pelo menos três anos. Para mim, não poderia haver despedida mais honrosa.