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Augusto Nunes

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De onde vêm as palavras: Cobra que perdeu o veneno

Deonísio da Silva explica quando as jararacas se tornam inofensivas

Por Branca Nunes Atualizado em 4 jun 2024, 20h22 - Publicado em 23 out 2016, 10h02
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    Jararacas e cascavéis se tornam inofensivas, distribuindo dentadas inócuas, humilhadas e furiosas na consciência da própria fragilidade”, escreveu Luís Da Câmara Cascudo (1898-1986), acrescentando: “aplicam aos casos de irritação permanente, cólera recalcada, desajustamento notório”.

    Até parece que estava antecipando a definição que de si mesmo daria o ex-presidente Lula, quando disse que tinham mexido com “a jararaca”, em comício feito logo após sua condução coercitiva para depoimento, por determinação do juiz Sérgio Moro, na manhã de 4 de março de 2016.

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    Advogado, antropólogo, historiador e jornalista, Câmara Cascudo é autor de extensa bibliografia sobre usos e costumes brasileiros, entre os quais o livro Locuções Tradicionais do Brasil: coisas que o povo diz.

    Esta frase é invocada quando pessoas iradas nada podem fazer em situações de desespero.

    A frase nasceu de crendice popular de que as cobras, para não sucumbirem ao próprio veneno, depositam-no em folhas quando precisam tomar água. Ao voltarem dos riachos, algumas acabam esquecendo-se de onde o puseram, metendo-se como loucas à procura de peçonha temporariamente dispensada.

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    Câmara Cascudo era potiguar, mas foi o escritor maranhense Henrique Maximiano Coelho Neto (1864-1934), autor de mais de cem livros e um dos membros-fundadores da Academia Brasileira de Letras, quem deu ares literários à frase famosa, registrando-a na peça A muralha, numa fala da personagem Ana que, incapaz de resistir ao jogo do bicho, comporta-se como cobra que perdeu o veneno.

    Confira aqui outros textos de Deonísio da Silva

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