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Celso Arnaldo vai às nuvens com a comandante Dilma: ‘Apertem os cintos, o piloto sumiu. E a presidente assumiu’

CELSO ARNALDO ARAÚJO Quando viaja em seu avião oficial, um Airbus 319 CJ ,comandado pelo brigadeiro Joseli Parente Camelo, a presidente proíbe terminantemente turbulências na rota. Para garantir que a determinação seja cumprida à risca e o piloto não tente engambelá-la, atribuindo solavancos a incontornáveis intempéries de percurso, ela adicionou mais uma expertise à sua longa lista […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 5 jun 2024, 09h44 - Publicado em 27 Maio 2013, 18h55
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  • CELSO ARNALDO ARAÚJO

    Quando viaja em seu avião oficial, um Airbus 319 CJ ,comandado pelo brigadeiro Joseli Parente Camelo, a presidente proíbe terminantemente turbulências na rota. Para garantir que a determinação seja cumprida à risca e o piloto não tente engambelá-la, atribuindo solavancos a incontornáveis intempéries de percurso, ela adicionou mais uma expertise à sua longa lista de competências técnicas: embora ainda leve um baile das chuvas que todo verão castigam a região serrana do Rio, aprendeu a interpretar cartas meteorológicas aeronáuticas altamente complexas. Com os dados em mãos, altera rotas oficiais, refaz planos de voo, alonga viagens ─ aliás, não está nem aí para o consumo de combustível. Tudo porque ela detesta avião que balança ─ mas não cai. Dilma revogou a lendária expressão céu de brigadeiro. O céu dela é sempre melhor.

    A lenda da supergerente sem cabeça, que continua a ser alardeada com medo e reverência por seus áulicos e por boa parte da mídia, ganhou neste domingo, na página A8 da Folha (Dilma invade a cabine do piloto e vira corneteira dos voos oficiais), seu lance mais surreal: é Dilma quem pilota o Airbus da Presidência ─ sem encostar no manche de comando, só com broncas e interpelações. A se acreditar na matéria, Dilma se tornou uma controladora de tráfego aéreo mais eficiente que os engenheiros da Nasa em Houston que conseguiram trazer de volta à terra a errante Apolo 13. Ela inventou um jeito de evitar as inevitáveis turbulências aéreas: é só voar do jeito que ela quer.

    A matéria ocupa apenas um quarto inferior de página, mas, por seu inacreditável viés de mistificação, é um retrato aberrante deste governo ─ ao mesmo tempo absurdo e prepotente ─ e renderia várias anotações no impagável “Diário de Dilma” na revista Piauí.

    Na matéria da jornalista Natuza Nery, o Airbus 319 que foi a Roma lotado de aspones, para a posse do Papa Francisco, e voou batendo lata para a Etiópia, esta semana, quase se transforma num cenário do Zorra Total. “Ela detesta quando o avião presidencial sacode em pleno ar”, escreve a jornalista, num simulacro do idioma da personagem, sem explicar se seria possível o Airbus sacudir em pleno chão. Se foi por medo de avião que Belchior pegou pela primeira vez na sua mão, o medo da turbulência faz Dilma pegar no pé do pobre brigadeiro Joseli, que nesses momentos preferiria estar bombardeando Pearl Harbor a bordo de um caça Zero.

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    Essa fábula da superpiloto de controle remoto comprada pela Folha coloca Dilma analisando complicadíssimas cartas meteorológicas para alterar o plano de voo do avião presidencial se detectar que o Aerobus vai enfrentar turbulência. Claro, ela conhece os 39 tipos de cumulus nimbus ─ pileus, velum, incus, etc ─ melhor do que conhece seus 39 ministros. O brigadeiro Joseli já sabe que não deve duvidar nunca dessa expertise da patroa. Ou ela irá, lá na frente, verificar se as alterações de rota foram acatadas. Para isso, segundo a matéria, “fez questão de aprender a ler os enigmáticos dados do painel da cabine do piloto”. Quando sente que o chão parece faltar sob o Airbus a 30 mil pés de altura, costuma perguntar ao oficial, no tom que fez Sergio Gabrieli chorar: “Joseli, por que o avião está sacudindo? Que curva é essa?”.

    Se o avião estiver balançando muito, ela permanece em seu lugar, com os cintos atados, que não é doida: nessas situações, segundo a Folha, Dilma interpela o oficial quatro estrelas por um botão ao lado da poltrona. “Quando o Airbus sacode, é fatal”, diz a repórter, sem perceber o perigo de associar a palavra “fatal” a um avião que sacode. Ela se referia a Dilma, a femme fatale a bordo. “A campainha toca. E, dependendo da trepidação, toca com muito vigor”.

    Ou seja: balançou, lá vem bronca. Segundo a matéria, o brigadeiro faz sempre o que a presidente manda, até mesmo uma viagem em zigue-zague de Brasília a Porto Alegre, “para fugir do agito”, queimando querosene, é claro. Certa vez, relata a Folha, o desvio foi tão grande que o Aerodilma fez a curva em Mato Grosso antes de aterrissar em Brasilia, por causa das nuvens carregadas e ameaça de balanço.

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    Outro dia, dois pilotos da TAM foram demitidos por justa causa ao permitirem que o cantor Latino se sentasse à cadeira do comandante, durante o voo, para fazer uma foto. A matéria de domingo da Folha revela que Dilma chega a mudar o plano de voo do avião presidencial quando poderia, quem sabe, tomar um Engov.

    Não é o cumulus?

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