A convidada do Roda Viva desta segunda-feira foi Bruna Lombardi. Atriz, escritora, apresentadora, roteirista, produtora de cinema, empreendedora, ativista ambiental e poeta, ela acaba de lançar Poesia Reunida, coletânea de versos distribuídos por três livros, e Clímax, com poemas inéditos. Ainda neste segundo semestre, Bruna lançará o “Rede Felicidade”, um portal interativo, e voltará à TV com a série A Vida Secreta dos Casais. Confira trechos da entrevista:
“Felicidade não é ser feliz o tempo todo, é entender que você precisa despertar uma nova consciência, é compreender que a única mudança possível é através da mudança de valores. Nenhuma transformação na humanidade aconteceu sem isso e cada um de nós pode ser um catalisador dessas mudanças”.
“Vivemos num país onde as questões políticas são absurdas, num país que assume que a Justiça não é igual para todos. É um legado de vergonha que está sendo escrito por aqueles que estão construindo a nossa história. A elite faz as leis, comete os crimes e ela mesma se absolve”.
“Jamais passou pela minha cabeça aceitar o convite de assumir o Ministério da Cultura. Não nasci para a política e não acredito no sistema corrupto que está implantado no nosso país. Como pode existir uma premissa como o foro privilegiado?”
“Sempre fui muito próxima das mulheres. Compreendo perfeitamente os problemas femininos, mesmo que não sejam os meus particulares. Estamos vivendo um momento difícil, mas de grande esperança. Ainda existe uma grande injustiça, mas elas estão batalhando para conquistar o seu lugar. Conheço inúmeros exemplos de mães solteiras, que criaram seus filhos sozinhas, na fibra, e conseguiram passar para eles valores, mesmo sem dinheiro, mesmo com injustiças. Esse heroísmo anônimo não tem preço”.
“Sempre gostei muito do que faço e permito que esse estado de felicidade esteja permanentemente ligado e aflore. Devemos perceber a importância do silêncio. A criação é feita de sutilezas, não de grandes barulhos – e vivemos num mundo muito ruidoso”.
“Temos que instaurar a gentileza. É importante ligar para um parente, um amigo, simplesmente para ver se ele precisa de alguma coisa, se está bem. Se eu faço isso com muito pouco tempo livre, dá para qualquer um fazer”.
“Não sofro comentários de ódio na internet. Não existe um único comentário raivoso na minha página. É surpreendente que exista tanta bondade num ambiente que todos enxergam tanta raiva. Talvez porque eu acredite que as pessoas são boas”.
“A queda da Dilma Rousseff não tem nada a ver com machismo, mas com uma postura do país analisando as próprias mazelas. O fato dela ser mulher não teve a menor influência”.
“Tenho uma postura política muito clara e procuro evitar qualquer polarização. É uma mentalidade provinciana pensar que ou você é a favor ou é contra. Isso nos distrai de uma discussão mais profunda, que é saber que país queremos”.
“A corrupção é um crime de lesa humanidade, porque rouba o futuro de cada criança, o dinheiro dos hospitais, das escolas. Vivemos num país que não consegue alimentar seus filhos, dar educação para eles. Que nação é essa?”
“Não existe só uma coisa que mantém a beleza, não é um creme, é uma série de fatores. É um estilo de vida. As pessoas ficam feias quando começam a emanar preocupações, tensões”.
“Minha conversa com mestres espirituais vem de muito tempo e não só com mestres indianos. Um mestre pode vir de qualquer lugar, pode ser um professor de física quântica, um desconhecido que você encontra. A gente consegue aprender tudo com todo mundo”.
“Não sou uma pessoa de rótulos, mas acredito em causas e as abraço com fervor. O empoderamento feminino é uma questão constante, porque o mundo não acompanha essa nova mulher. É preciso que a equiparação entre homens e mulheres exista. Apesar disso, acredito ainda mais no empoderamento do ser humano”.
“Tenho uma religiosidade muito profunda, embora não siga nenhuma religião. A religiosidade é algo inato, é olhar o universo e querer compreender a origem das coisas. Acredito que todas as religiões devam coexistir. Para mim, é totalmente incoerente alguém cometer crimes em nome de uma religião”.
A banca de entrevistadores reuniu Bruno Meier (editor da seção Gente da revista VEJA), Dolores Orosco (editora do UOL Estilo), Edison Veiga (repórter do Estadão), Patrícia Zaidan (editora de atualidade da revista Claudia) e Rosana Hermann (escritora, roteirista, coapresentadora do programa Porta Afora e autora do blog Querido Leitor). Com desenhos em tempo real do cartunista Paulo Caruso, o programa foi transmitido pela TV Cultura.