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Autor do projeto que libera o uso do chicote na cadeia, Reditario Cassol precisa explicar se o método valerá para o filho presidiário

Primeiro suplente do senador Ivo Cassol, eleito pelo PP de Rondônia, o catarinense Reditario Cassol tinha 75 anos quando o filho resolveu presenteá-lo com 126 dias de inquilinato na Casa do Espanto. Para sair de folga, o titular invocou a necessidade de cuidar da saúde que o pai esbanjou entre 13 de julho e 11 […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 05h35 - Publicado em 19 ago 2013, 21h30
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    Primeiro suplente do senador Ivo Cassol, eleito pelo PP de Rondônia, o catarinense Reditario Cassol tinha 75 anos quando o filho resolveu presenteá-lo com 126 dias de inquilinato na Casa do Espanto. Para sair de folga, o titular invocou a necessidade de cuidar da saúde que o pai esbanjou entre 13 de julho e 11 de novembro de 2011, período dedicado à aprovação de um projeto de lei concebido para suprimir regalias e  restringir benefícios concedidos a presidiários brasileiros.

    Na tarde de 6 de outubro de 2011, o representante de Rondônia subiu à tribuna do Senado para justificar as alterações no Código Penal, na Lei de Execuções Penais e em outros textos legais. A reportagem do Globo sobre a performance de Reditario destacou uma frase que propõe a  ressurreição do chicote como instrumento de ressocialização de criminosos que cumprem penas de prisão:

    “Nós temos que modificar um pouco a lei aqui no nosso Brasil, de modo que venha favorecer sim as famílias honestas, as famílias que trabalham, que lutam, que pagam imposto para manter o Brasil de pé e não criar facilidade para pilantra, vagabundo, sem-vergonha, que devia estar atrás da grade de noite e de dia trabalhar, e quando não trabalhasse de acordo, o chicote, que nem antigamente, voltar”.

    Algum redator misericordioso retocou e maquiou a declaração antes de publicá-la, informa o vídeo que mostra 4:20 do palavrório. É uma peça retórica assombrosa. Com um sotaque ainda fora de catálogo, o pai de Ivo e da lei da chibata guilhotina plurais, tortura palavras e algema o raciocínio lógico com o desembaraço de quem acredita que, depois de Lula e de Dilma Rousseff, foram revogadas todas as regras gramaticais. Ainda assim, é possível compreender que o orador acha essencial jogar muito mais pesado contra o time dos engaiolados.

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    Passados menos de dois anos, por envolvimento em licitações fraudulentas nos tempos em que agiu no cargo de prefeito de Rolim de Moura, Ivo Cassol foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal a quatro anos, oito meses e 26 dias de prisão em regime semiaberto. Mas os ministros também decidiram que cassação de mandato é atribuição do Congresso. Se acabar absolvido pelos colegas, o filho de Reditario poderá transformar-se no primeiro senador presidiário da história.

    O pai precisa informar urgentemente se a metodologia do chicote também será aplicada a delinquentes que dormem na cadeia e fingem trabalhar durante o dia.

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