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Augusto Nunes

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A ópera dos malandros mensaleiros foi aberta por Lula em novembro de 2009

Desde julho de 2005, registrei no post reproduzido na seção Vale Reprise, Lula já pediu desculpas por não ter enxergado o mensalão, já se declarou traído sabe-se lá por quem, já procurou transformar assalto ao dinheiro público em caixa 2, já tentou reduzir crimes hediondos a pecados veniais, já jurou que o mensalão não existiu. Em […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 09h05 - Publicado em 17 abr 2012, 09h33
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  • Desde julho de 2005, registrei no post reproduzido na seção Vale Reprise, Lula já pediu desculpas por não ter enxergado o mensalão, já se declarou traído sabe-se lá por quem, já procurou transformar assalto ao dinheiro público em caixa 2, já tentou reduzir crimes hediondos a pecados veniais, já jurou que o mensalão não existiu. Em novembro de 2009, enfim, aproveitou a entrevista concedida a Kennedy Alencar, da RedeTV!, para anunciar que tudo não passou de uma invencionice forjada pela oposição para derrubar o governo ─ e prometeu apurar a trama assim que deixasse a Presidência.

    A entrevista, como se pode constatar na seção História em Imagens, foi o prólogo da ópera dos malandros encenada para convencer a plateia brasileira de que o pai de todos os escândalos não passou de “uma farsa” engendrada por inimigos do povo. Aos 2min40 da conversa, Lula avisa que “essa história do mensalão ainda vai ser esclarecida”. Caprichando na pose de melhor aluno da escolinha de sherloques do doutor Prótogenes, o então presidente promete desvendar o “mistério” assim que deixar o Planalto.

    “Vou querer me inteirar um pouco mais disso”, diz. Sempre ressalvando que prefere esperar a decisão da Justiça para opinar sobre o caso, despeja sobre os telespectadores um balde de espertezas diversionistas. Acha muito estranho que a CPI dos Correios se tenha transformado “numa CPI do PT, na CPI do mensalão”. Discorre sobre “a maior armação já feita contra um governo”. E dá voz de prisão aos culpados de sempre: os integrantes da “elite política empodrecida”. Isso mesmo: “empodrecida”.

    Se alguma coisa aconteceu, previne-se, não soube de nada. Quando um pai está na cozinha, ensina, não sabe o que faz o filho no quarto. A menos que o garotão conte ao chefe da família tudo o que faz, deveria ter retrucado o entrevistador. No caso do mensalão, o filho é José Dirceu, comandante da organização criminosa. Ele repete há sete anos que jamais fez qualquer coisa sem que o pai de todos soubesse.

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