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A espantosa colisão entre o boné de Benicio e o neurônio solitário, por Celso Arnaldo

O resumo do encontro entre Benicio Del Toro e Dilma Rousseff, um dos grandes momentos de Celso Arnaldo e um dos piores da saga latino-americana, mostra o que acontece quando um boné tenta dialogar com um neurônio solitário. Pelo que conta o caçador de cretinices e pelo que o vídeo mostra, pode ter nascido um […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 14h12 - Publicado em 18 set 2010, 21h13
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  • O resumo do encontro entre Benicio Del Toro e Dilma Rousseff, um dos grandes momentos de Celso Arnaldo e um dos piores da saga latino-americana, mostra o que acontece quando um boné tenta dialogar com um neurônio solitário. Pelo que conta o caçador de cretinices e pelo que o vídeo mostra, pode ter nascido um novo tipo de comédia que só dá vontade de chorar. Ou de sumir, quando se pensa que a atriz de quinta categoria ameaça ficar na tela quatro anos. Confira:

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    Não o culpe por ter aceitado o convite. Se você fosse Benicio Del Toro, Dilma Rousseff seria um ícone. Mulher, latina, ex-guerrilheira e na bica para ser presidente do país onde vigora – na feliz expressão do Reinaldo – o bolivarianismo com samba, suor e cachaça, receita irresistível para a facção hollywoodiana descrita nas páginas do “Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano”, de Plínio Apuleyo Mendoza, Carlos Alberto Montaner e Alvaro Vargas Llosa, filho de Mario.

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    O perfil do tipo traçado pelos autores é complexo, mas isto o define bem: “O idiota latino-americano não lê da esquerda para a direita como os ocidentais, nem da direita para esquerda, como os orientais. Dá um jeito para ler da esquerda para a esquerda. Pratica a endogamia e o incesto ideológico.”

    Certo. Benicio Del Toro deve ter lido, da esquerda para a esquerda, a última edição da revista Gloss, onde Dilma revela, entre suores, que Che Guevara era seu símbolo sexual nos anos de chumbo. Por isso, o intérprete de Che no recente filme homônimo de Steven Soderbergh não deve ter estranhado o convite dos coordenadores da campanha petista: um pacote Chez Dilma, vip, personalizado, que incluiu passagem área em primeira classe, hotel cinco estrelas, uma balada privé em São Paulo e, noblesse oblige, um comício petista, uma visita a uma escola do MST e, é claro, um encontro exclusivo com a candidata que ficava saliente quando Che lhe vinha à cabeça.

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    E Benicio chegou a caráter para o encontro com Dilma: paletó surrado, boné enterrado na cabeça, cavanhaque Ho Chi Minh, cabelo de sem-terra sem-teto sem-barbeiro. Parecia mesmo ter sobrevivido a uma temporada na aldeia de La Higuera, no sertão da Bolívia. E não se importou de ir a Campinas – onde Dilma tinha programação hoje – para, como informou o site oficial, “reunir-se” com a candidata num café da manhã.

    Resumo do script? “Os dois conversaram por cerca de 30 minutos sobre cinema, eleições e a importância política da América Latina e do Caribe.”

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    Um vídeo dessa conversa seria hit instantâneo no Youtube. Del Toro é bilíngue perfeito – nasceu em Porto Rico, foi educado em inglês, fala os dois idiomas sem o sotaque de seus personagens. Dilma, como todos sabem, é monoglota convicta – e em dilmês, língua de um só usuário, ela própria. Se a conversa foi sobre “cinema, eleições e a importância política da América Latina e do Caribe”, faltou conversa – porque Dilma desconhece completamente os três assuntos.

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    O que Benicio falou também não se sabe – é provável que tenha repetido sua vergonhosa performance diante da jornalista Marlen Gonzalez, do Canal 41 Notícias de Miami, quando lhe faltaram palavras diante de perguntas incômodas da repórter sobre o sanguinário regime castrista. Desta vez, deve ter ficado atônito com o papo furado de Dilma.

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    Mas vamos deixar que a própria Dilma nos conte como foi seu encontro com Che Del Toro?

    “Eu, eu achei assim ótimo, né, porque (risos) ele de fato é um, um, um, ator excelente, né, um ator excepcional. Álem disso, sem sombra de dúvida, ele é muito bonito”.

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    Terá Benicio interpretado alguma cena no café da manhã com Dilma? Fez um Che expresso, capuccino? Ela o achou um ator “excelente, excepcional” durante o encontro? Tudo indica que pintou um clima – como informam o “álem”, em vez de além, o “sem sombra de dúvida”, um de seus clichês para sublinhar os feitos de Lula, seu atual símbolo sexual, e a ênfase no “mmmmuito” bonito.

    “Obviamente ele tem uma simpatia, por isso que ele pediu a reunião”.

    Explicado: Benicio Del Toro pediu a reunião para mostrar a Dilma que é simpático, para pedir uma chance. É namoro ou amizade?

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    Mas qual foi o papo que rolou?

    “Foi mais uma cunversa assim mais fluída, sobre cinema, sobre a importância da América Latina, sobre a importância da América caribenha, de como aquele mapa que apareceu na revista Deconomist (sic), em que tá a América Latina prá cima, né, Caribe e América Latina prá cima, e a América do Norte prá baixo, faz todo sentido histórico, porque né, tão crescendo, estão, estão, a América Latina hoje ela tem uma perspectiva que no passado ela não tinha. Então tudo isso, né, foi tocado ali”

    Tomando por base esse relato de Dilma, a “cunversa” deve ter feito Del Toro rever todos os seus conceitos sobre a latinidad, abrindo mão dela e assumindo sua porção norte-americana, como cidadão de Porto Rico. E se o editor da revista The Economist ouvisse antes a futura presidente do Brasil explicando desse jeito o tal mapa mundi invertido, que ainda está nas bancas, teria jogado a capa no lixo.

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    Que frase linda é “a América Latina tem uma perspectiva que no passado ela não tinha”. Seria o caso de dizer, usando o título de um recente filme de Woody Allen: “Igual a tudo na vida”.

    Que mais, presidente?

    “O problema do cinema. É… Também como eles são amigos do Óliver Istône (sic), falaro sobre o lançamento daqui a dois dia (sic) de Rol striti 2, né (sic). Foi uma cunversa muito, muito boa”.

    De fato, ótima. Um dos próximos projetos de Benicio Del Toro no cinema tem tudo a ver com o papel que ele desempenhou nesse tour com Dilma: ele está escalado para viver Moe, o mais esperto dos Três Patetas, num filme dirigido pelos irmãos Farrelly, ao lado de Jim Carrey e Sean Penn – este, outro membro honorário do Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano.

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