Sim, o governo deve articular com menos amadorismo o esforço pela aprovação da Nova Previdência. Sim, o presidente Jair Bolsonaro precisa defender com mais entusiasmo e determinação as mudanças propostas por Paulo Guedes. Sim, os responsáveis pela área de comunicação têm de mostrar com mais clareza e competência que ou se faz a reforma ou se faz a reforma; não existe uma terceira opção.
Feitas essas ressalvas, deve-se condenar com a merecida indignação o comportamento cafajeste de boa parte do Congresso. Muitos deputados e senadores se queixam da “falta de atenção” do presidente da República. Conversa de 171. Se o problema fosse carência de carinho, seria resolvido com meia dúzia de churrascos na Granja do Torto. O que eles querem são cargos no segundo escalão, frequentemente mais lucrativos que ministérios.
Os cofres do DNIT, por exemplo, são bem mais atraentes que o orçamento de um Ministério do Turismo. Numerosos parlamentares também resmungam pelos cantos contra alguns itens do projeto do ministro da Economia. É para isso que existem discussões e votações no Senado e na Câmara. Se os queixosos são sinceros, que tentem modificar, aperfeiçoar ou eliminar o que não os agrade durante a tramitação do projeto.
Surgiram mais recentemente os insatisfeitos com a proposta que trata da aposentadoria e da reformulação do plano de carreira dos militares. Dois lembretes. Pela primeira vez, uma reforma ousou incluir a casta verde-oliva. E nada impede que o texto seja alterado pelo Legislativo. O Brasil deve exigir que deputados e senadores parem de pensar exclusivamente na próxima eleição e, pela primeira vez na história da República, pensem nas próximas gerações.
Se não houver mudanças profundas no sistema em vigor, os jovens de hoje serão idosos sem aposentadoria.