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Augusto Nunes

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“Narizinho no país da pedalática” e outras cinco notas de Carlos Brickmann

As ações se aceleram, cada indício leva a outros. É cada vez mais claro que as acusações de corrupção se aproximam de Lula

Por Branca Nunes Atualizado em 4 jun 2024, 23h37 - Publicado em 26 jun 2016, 11h15
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  • Publicado na coluna de Carlos Brickmann

    A História se inspira na história. Na série que Monteiro Lobato poderia ter escrito para a TV Lula, Paulinho cai nas mãos do Japonês da Federal, mas sua Narizinho continua solta – afinal, a loirinha do Narizinho Arrebitado já mora em Curitiba. E há um enigma: a rinoceronta Quindilma, como fará para pedalar e divertir-se em duas rodas se até quem se gabava de levá-la a passear de moto está também fora do jogo?

    A Operação Custo Brasil da Polícia Federal atinge dois laços discretos das relações entre o PT, o governo petista e grupos organizados para dar apoio pago às posições oficiais: um, de jornalistas, que se deram muito bem falando muito bem deste governo; outro, de especialistas em serviços relacionados especialmente com crédito consignado. Entre os atingidos, todos importantes, dois ex-ministros de Dilma: Carlos Gabas, que a levava para passear de Harley-Davidson, e Paulo Bernardo (ministro também de Lula), marido da senadora Gleisi Hoffmann. Há Valter Correia, secretário do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad; João Vaccari Neto, ex-tesoureiro nacional do PT, que já está preso e recebeu outra prisão preventiva; e o jornalista Leonardo Attuch, editor do jornal virtual Brasil 247. A sede nacional do PT sofreu busca e apreensão.

    As ações se aceleram, cada indício leva a outros. É cada vez mais claro que as acusações de corrupção se aproximam de Lula. Ele é o alvo.

     

    Dias de fúria

    Lula é líder, tem carisma, é o grande símbolo do petismo. Não será atingido sem escândalo, sem provocar a ira de seus seguidores, por mais justo que se comprove o motivo de qualquer ação legal que se lhe mova. Não devemos esperar dias livres de protestos e de declarações de gente séria sobre a hipocrisia de condenar governistas que ordenham empresas estatais em seu benefício e do partido, enquanto todos nós já violamos a lei jogando papel de bala e guimba de cigarros na calçada. Serão chatíssimos.

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    A ira santa

    Que é que muda, e por quanto tempo? Não teremos marqueteiros cobrando abertamente R$ 70 milhões por eleição, nem levando ao Exterior as quantias com que empreiteiras brasileiras compraram a vitória em concorrências; nem departamentos equipadíssimos em empresas gigantescas cuidando apenas do vai-vem das propinas.

    Mas calma, a festa não termina. Mudará a maneira de fazer algumas coisas, e podemos confiar na capacidade criativa de subornados e subornadores para encontrá-la.

     

    Iguais, mais ou menos

    Funcionários já acusados e outros suspeitos de ordenha irregular de cofres públicos há vários na cadeia. Mas há funcionários apanhados e muito mais bem tratados. Empreiteiros são condenados e, tão logo fazem delação premiada, vão para suas belas casas (alguns ganham até tornozeleiras novinhas de presente. Se algum bandido vagabundo os maltratar, será encontrado na hora). Outros que, além de roubar, traíram os amigos e colegas de crime e os entregaram à Polícia, esses voltaram à boa vida ao devolver parte do que consideravam seu. Político na cadeia, excetuando-se militantes bem treinados e disciplinados como João Vaccari Neto e José Dirceu, há poucos. Alguns funcionários mais sortudos, como Barusco, que devolveu quase R$ 200 milhões e vive numa bela casa em Angra, com piscina e muito uísque, também desfrutam de boa vida. Por que? Que é que José Dirceu fez que os outros não fizeram e justifica a pena mais dura?

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    A explicação só pode ser uma, tirada da excelente A revolução dos bichos, de George Orwell: “Todos são iguais perante a lei, mas alguns são mais iguais que os outros”.

     

    Juntando todos?

    Curiosa a atitude do procurador-geral Janot ao pedir simultaneamente (e sem êxito) a prisão de Eduardo Cunha, Romero Jucá e Renan Calheiros, três caciques capazes de fazer boi voar (Renan, a propósito, já trabalhava no ramo de bois voadores e fazendas de diversos andares em sua crise anterior; Cunha atuou em ramo semelhante, mas com bois ralados que decolavam com destino à África). Janot precisa pensar melhor nas consequências de seus atos: se conseguisse prender esses três, que tipo de exemplo daria aos malfeitores que já estão na cadeia?

     

    O mundo do dinheiro

    Olhe para qualquer lado: o gari empunha um celular, a babá presta mais atenção no celular do que no bebê, o vizinho sai da garagem já com o celular no ouvido. Celular é um sucesso! Então, digam-me: como a Oi, maior empresa do ramo, conseguiu ajuntar R$ 65 bilhões de prejuízo? Celulares e banda larga só aqui dão prejuízo? Em que ponto do percurso o dinheiro todo sumiu? E como é que vão tomar de nós essa quantia? Porque quem paga, sobre isso não há qualquer dúvida, nós sabemos.

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