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Augusto Nunes

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‘Triste Egito, que ainda precisa de tutores’, por Reynaldo-BH

REYNALDO ROCHA Morre um gato na China. Esta peça teatral de Pedro Bloch (uma comédia) mostra que o mundo é sim uma aldeia global. Antes de o termo ter sido inventado ─ ou a globalização ser uma realidade ─ Pedro Bloch chamava atenção para a interação entres povos e culturas. Hoje, no Egito, o Exército […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 05h51 - Publicado em 3 jul 2013, 20h18
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  • REYNALDO ROCHA

    Morre um gato na China. Esta peça teatral de Pedro Bloch (uma comédia) mostra que o mundo é sim uma aldeia global. Antes de o termo ter sido inventado ─ ou a globalização ser uma realidade ─ Pedro Bloch chamava atenção para a interação entres povos e culturas.

    Hoje, no Egito, o Exército voltou às ruas e depôs o fanático fundamentalista da Irmandade Muçulmana Mohammed Mursi, um delirante proto-ditador que fazia de uma religião o norte político e social de um país que havia ─ nas ruas ─ se livrado de Hosni Mubarak.

    A Praça Tahrir teve novamente um protagonismo essencial.

    O muçulmano radical impôs que as jornalistas se apresentassem nas TVS com hijab, o véu islâmico. Impôs através de decreto um poder supremo que eximia o presidente de ter suas ações avaliadas pelo Poder Judiciário.

    Convocou uma Constituinte que limitava poderes democráticos, apoiados em teses fascistas ─ pouco importa se com roupagem das esquerdas ou apoiadas pelos imbecis bolivarianos.

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    Ganhou com 64% dos votos, mesmo sob acusações intensas de fraude.

    Apoiado pela Irmandade Muçulmana (uma seita), tentava impor ao país um pensamento único, que faria dele o novo pai da pátria. Desprezava opositores. Demonizava opiniões contrárias. Dizia-se responsável pela queda de Mubarak ignorando a verdade e reescrevendo a história.

    Comprou apoios parlamentares. E consciências.

    Calou vozes com as ameaças das milícias que o apoiava.

    Foi recebido no Brasil como líder e herói mesmo tendo a repugnância do mundo civilizado.

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    Assim como morrem gatos na China, caem seitas no Egito.

    E nós com isso?

    A similaridade assusta. Já vivemos este cenário de seitas e mentiras que tentam impor a uma nação o que ela não deseja.

    Não apoio o golpe do exército egípcio, assim como nunca apoiei o sectarismo fundamentalista de mais um teocracia ditatorial.

    Se no Brasil temos o distanciamento histórico do que vivemos sob os militares, no Egito, a memória ainda é recente. O exército egípcio é ─ talvez ─ a única força organizada que pode ser contra a ordem unida de imposição do islamismo político (distante do filosófico, cultural e religioso) ao mundo. Com eles próprios assumem.

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    Não há mundo ideal, onde não se precise de forças armadas para tolher delírios de insensatos que desprezam a vontade popular, a cultura nacional e a decência de um país.

    Mas mesmo neste mundo não ideal me recuso a apoiar a quebra da legalidade. Por melhores que sejam as motivações ou justeza dos atos.

    Não há ditadura que se legitime pelos erros cometidos por outros. Elas nunca se legitimam. No Egito, os militares eram (e parece, voltaram a ser) um “poder moderador” que manteve a ditadura de 30 anos do sanguinário, corrupto e arrogante ditador Hosni Mubarak.

    Não vejo diferenças entre este e os irmãos Castro de Cuba. Ambos serão rejeitados pelos vermes quando a terra lhes pesar.

    Todos devemos aprender lições com a história do mundo.

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    Neste caso, a primeira é claramente que a Nova Era (da WEB e das Redes Sociais) sabe como ser justa, honesta e transparente quando se trata de derrubar injustiças, ditaduras e falsificações. Aqui ou no Egito.

    Mas não sabem o que por no lugar. Por isso, a importância de aprofundar a voz das ruas. De sabermos ser capazes de dar passos além da faxina. Há outro passo posterior, tão importante quanto.

    A outra é que a História é universal. Os fundamentos históricos ─ mantidas as condições que não diferem muito do essencial ─ são os mesmos. Sempre.

    A Primavera Árabe começou na Tunísia. E explodiu no Egito.

    O inimaginável (de surpresa) aconteceu. Uma ditadura de 30 anos, com roupagem de “democracia” foi derrubada nas ruas. Em uma única praça.

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    Alguma semelhança ou estou delirando?

    Triste Egito, que precisa do retorno ao domínio de tutores para redirecionar o caminho que as ruas apontaram. Não desejo isto a nenhuma nação.

    Que em um distante país, aqui na América Latina, saibamos entender o caminho da história. Não podemos depender da corja que é surda, nem de eventuais delírios de ditadores do passado.

    Sei que não há clima para isso. E nem a menor oportunidade para tanto.

    Mas, hoje, morreu um gato na China…

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