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Augusto Nunes

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‘O primeiro milagre de Francisco’, por Ricardo Noblat

Publicado no Blog do Noblat RICARDO NOBLAT Perdoemos os que erram e confessam seus pecados. E os ajudemos a trilhar outra vez o caminho do bem. A essa altura, quantas pessoas não revisam seu modo de vida depois do que ouviram do Papa Francisco? Quantas não seguraram o choro diante daquela figura simples, amorosa e […]

Por Branca Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 05h41 - Publicado em 5 ago 2013, 14h24
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  • Publicado no Blog do Noblat

    RICARDO NOBLAT

    Perdoemos os que erram e confessam seus pecados. E os ajudemos a trilhar outra vez o caminho do bem. A essa altura, quantas pessoas não revisam seu modo de vida depois do que ouviram do Papa Francisco? Quantas não seguraram o choro diante daquela figura simples, amorosa e completamente desprovida de medo? E quantas não choraram, e talvez ainda chorem, tocadas pela infinita bondade que emana dele?

    Não sei se o governador Sérgio Cabral, do Rio, tem de fato religião. E se a pratica com moderação ou afinco. Também não sei dizer se é uma pessoa que se comove com facilidade. Sei que não somos mais perfeitos ou imperfeitos do que ele. E que pelo menos por enquanto deveríamos acreditar no que repete desde a passagem do Papa. Quando nada porque “é preciso reabilitar a política”, como ditou Francisco. E só se reabilita a política reabilitando-se os políticos.

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    Com a popularidade reduzida à microscópica marca de 12% de ótimo e bom, Cabral bateu no peito outro dia em sinal de arrependimento e disse: “Sou cristão. Nunca fiz uso da religiosidade para minha vida pública. Mas como governador e ser humano, o Papa muito me tocou”. Foi além: “Acho que estava trabalhando mal determinadas questões. Estava me faltando autocrítica. Cometi erros de diálogo, de incapacidade de dialogar, que sempre foi a minha marca”.

    Perguntaram sobre as manifestações contra ele. Cabral respondeu, modesto: “Acho que da minha parte faltou mais diálogo, uma capacidade maior de entendimento e de compreensão”. Para emendar em seguida de maneira um tanto confusa: “Não sou uma pessoa soberba, que não está aberta ao diálogo. Para mim a democracia é um bem intangível”. E concluiu: “Ouço com muito prazer as críticas da opinião pública”.

    Ouvir só não basta. Então Cabral resolveu doar ao Rio seu segundo Código de Ética. O primeiro decorreu das viagens que fez em jatinhos cedidos por prestadores de serviços ao Estado. O código proibiu tais viagens. O segundo código tem a ver com o uso feito por Cabral de helicópteros do governo. Helicóptero de R$ 12 milhões servia para ele ir trabalhar e, nos fins de semana, usufruir de sua casa de veraneio junto com a família. Acabaram os voos de recreio.

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    Aumentou o desejo de Cabral de agradar seus governados. O carioca jamais se conformou com a demolição do Parque Aquático Júlio Delamare e do Estádio de Atletismo Célio de Barros, partes do complexo do Maracanã? Cabral anunciou que eles não serão mais demolidos. Resta saber o que fará o consórcio de empresas que reformou o Maracanã. E que lucraria com a demolição do parque e do estádio. Na prática, Cabral rasgou o contrato que ele mesmo assinara.

    Em troca de sua rendição aos bons costumes, Cabral gostaria de ser deixado em paz por aqueles que regularmente protestam nas vizinhanças do seu apartamento, no Leblon. Que peçam seu impeachment, tudo bem. É direito de qualquer um. Mas infernizar a vida de uma família a ponto de forçá-la a mudar de endereço contra sua vontade e a viver na clandestinidade…

    A reclamação de Cabral procede. O problema dele é que Francisco animou os jovens a saírem às ruas para lutar por suas utopias mesmo que elas pareçam inalcançáveis. E foi logo avisando que não gosta nem um pouquinho de jovens acomodados. Como conciliar, pois, a pretensão de Cabral, o mais novo discípulo do Papa, com a da rapaziada disposta a mostrar o seu valor? Essa é uma missão para o super Francisco.

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