‘A violência como argumento’, de Carlos Brickmann
Publicado na coluna de Carlos Brickmann O presidente do Judiciário, um dos três Poderes da República, é visto na rua por um militante petista assalariado (é funcionário do gabinete da deputada federal Erika Kokay, PT de Brasília, e recebe do Tesouro R$ 4.800 mensais). O militante chama amigos para vaiar o ministro, a quem não […]
Publicado na coluna de Carlos Brickmann
O presidente do Judiciário, um dos três Poderes da República, é visto na rua por um militante petista assalariado (é funcionário do gabinete da deputada federal Erika Kokay, PT de Brasília, e recebe do Tesouro R$ 4.800 mensais). O militante chama amigos para vaiar o ministro, a quem não perdoa por ter votado pela condenação de réus do Mensalão, especialmente José Dirceu. Em seguida, o grupo decide perseguir o ministro Joaquim Barbosa e ─ na expressão que usaram ─ “botá-lo pra correr”. Gravam as imagens do que consideram uma extraordinária façanha e a colocam no YouTube. Se isso não é uma tentativa fascista de intimidar adversários pela força, de que é que se trata?
Alberto Youssef, preso na Polícia Federal em Curitiba sob suspeita de chefiar esquema de lavagem de dinheiro, localizou na cela um aparelho que, acusa, monitora conversas. É escuta ambiental clandestina, sem ordem judicial. Youssef sabe muito, é um arquivo vivo. Quem estaria interessado em saber se e o que ele está falando, e talvez pense em transferi-lo para a pasta de arquivos mortos?
Sob a alegação de investigar o uso de um telefone celular por José Dirceu, no presídio, o que é proibido aos condenados, o Ministério Público pediu à Justiça autorização para monitorar telefones de áreas próximas. Mas não informou à Justiça que, nestas áreas, está o Palácio do Planalto, sede do Poder Executivo. Grampear a Presidência? E sem informar o juiz? Se nem a presidente da República tem garantias de respeito a seus direitos básicos, quem é que as tem?
O ovo da serpente
Em poucos dias, houve desrespeito aberto a dois dos três poderes da República. O outro é presidido pelo senador Renan Calheiros, para que desrespeitá-lo?
Prever é prover
O senador Edison Lobão Filho, PMDB, é um símbolo de tudo: chegou ao Senado como suplente, sem jamais ter tido um voto; é filho do ministro Lobão, que cuida da Energia, e da deputada Nice Lobão; é o candidato da família Sarney ao Governo maranhense. Ele promete, se eleito, “implodir o presídio de Pedrinhas”.
Lobãozinho sabe o que faz. Presídios no Maranhão, quanto menos, melhor.
Dedo podre
A ex-ministra Gleisi Hoffmann, candidata do PT ao Governo do Paraná, não tem sido exatamente feliz em suas indicações. Seu assessor mais próximo, favorito para coordenar a campanha, era Eduardo Gaievski, agora preso pela acusação de pedofilia. A coordenadora da campanha na região de cidades importantes como Cianorte e Cascavel, Regina Dubay, PR, prefeita de Campo Mourão, é suspeita de comandar o esquema que obriga funcionários públicos comissionados a devolver parte dos salários para uma quadrilha que, segundo o Ministério Público, está “instalada no alto escalão”. Um diretor da Secretaria Municipal da Saúde foi preso em flagrante após recolher o dinheiro dos funcionários. O delegado Elmano Ciriaco diz que haverá novas prisões, inclusive no alto escalão.
Em tempo: até há poucos dias, o coordenador da campanha de Gleisi, no lugar de Gaievski, era o deputado André Vargas ─ aquele do jatinho do doleiro.
Telhado pouco
O governador paulista Geraldo Alckmin, preocupado com a notícia de que, em tempo de falta dágua, o Palácio dos Bandeirantes aumentou o consumo em 22% de dezembro até agora, garantiu que está economizando, e que até “acelerou o banho”.
Ele pode. A cada dia precisa de menos tempo para lavar o cabelo.
Só sobrou um
O senador Pedro Simon, 84 anos, decidiu candidatar-se a novo mandato de oito anos no Senado. Simon é uma figura notável: é do PMDB, passou pelo PTB, exerce mandatos há 56 anos e ninguém jamais colocou em dúvida sua honestidade, devoção ao interesse público e dedicação ao trabalho. Mas desidratou o PMDB gaúcho, que já foi forte e hoje nem consegue formar uma boa chapa de candidatos a deputado federal.
Sob sua sombra, nenhuma liderança floresceu. O PMDB gaúcho tem hoje quatro deputados federais, Osmar Terra, Alceu Moreira, Eliseu Padilha e Darciso Perondi. Padilha quis disputar o Senado, mas Simon teve preferência; então, se aposenta. Moreira, com ficha suja, não pode candidatar-se. Os demais astros do PMDB, como o ex-governador Germano Rigotto, foram-se apagando e perdendo votos. Saíram de cena sem deixar substitutos.
Bonitos e gostosos
É meio difícil assistir a seco, mas deve-se fazer o sacrifício: a Exposição de Ovos de Páscoa decorados, em benefício do Instituto Cervantes, é uma beleza. Vale pelo aspecto, vale pelo aroma (mas quem quiser comê-los terá de entrar no leilão pelo portal). Até o próximo dia 7, de terça a sexta, das 14 às 22 horas, e aos sábados, das 9 às 14h, na Avenida Paulista, 2439, SP.
Eficiência
Aconteceu no Rio. Num poste, uma pichação com apologia ao crime. A Prefeitura, dona do poste, foi avisada, houve indignação geral com o vandalismo e a promessa de que o poste seria imediatamente pintado ─ o que significa, ao contrário do que possamos imaginar, que a pintura seria iniciada em cinco dias úteis.