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Resolvido mistério da rápida colisão que deu origem ao Himalaia

Há 65 milhões de anos, velocidade de aproximação entre as placas indiana e eurasiana mais que dobrou, extinguindo um oceano

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 nov 2024, 15h03 - Publicado em 6 nov 2024, 14h47

Que as placas tectônicas estão continuamente se movendo não é exatamente uma novidade, o fato sempre vem à tona quando falamos em terremotos e atividade vulcânica. Contudo, elas guardam um mistério há muito investigado por geólogos: há 65 milhões de anos, uma rápida aceleração de duas das placas eliminou um oceano todo, facilitando a colisão que fez nascer a cordilheira do Himalaia. Agora, os motivos por trás dessa aceleração podem ter sido revelados. 

Esse fenômeno ocorreu entre as placas indiana e eurasiana. Por muito tempo, o ritmo de aproximação era de cerca de oito centímetros anuais, mas algo causou uma aceleração, fazendo com que a velocidade chegasse a um pico de dezoito centímetros por ano, o que causou o desaparecimento do oceano Neo-Tethys e possibilitou uma conexão física entre os locais hoje conhecidos como Índia, Ásia e Europa. A explicação para isso foi feita nesta quarta-feira, 6, em um artigo científico publicado na Nature

O que acelerou a colisão entre as duas placas?

De acordo com os autores, a explicação está na formação de sedimentos. Essa descoberta foi feita ao investigar rochas de magma encontradas no arco de Gangdese, no sul do Tibet, onde as duas placas colidiram. O que eles viram foi que nas rochas formadas há 65 milhões de anos, quando a aceleração ocorreu, havia uma quantidade muito maior de sedimentos, como se fossem pedacinhos de Terra derretida. 

Esses sedimentos vieram das margens da placa indiana, que passou por uma grande erosão na região onde essa porção da crosta se separou dos outros continentes. Essa grande quantidade de detritos teria “lubrificado” a interface entre as placas, na palavra dos autores, o que causou essa aceleração. “As descobertas oferecem novas perspectivas sobre as forças motrizes da tectônica de placas”, escrevem os pesquisadores. 

Algumas teorias anteriores atribuíam esse fenômeno a eventos como o “empurrão” de plumas do manto ou a existência de um sistema de dupla subducção, como se fossem duas colisões paralelas, mas elas careciam de evidencias robustas. O achado mais recente, contudo, foi possível devido à associação entre as observações empíricas e um poderoso modelo matemático, que confirmou o hipótese inicial dos pesquisadores. Agora, novas pesquisas devem ser feitas em outros cenários para entender se um processo parecido também teve influência em outros lugares do globo. 

Veja o movimento das placas tectônicas

Em setembro, pesquisadores da Ocean University of China publicaram uma pesquisa, no periódico científico Geoscience Frontiers, que surpreendeu geólogos ao redor do mundo. Em pouco mais de um minuto, eles conseguiram ilustrar mais de 1,8 bilhão de anos em movimentos tectônicos. Veja a seguir:

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