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AL VINO

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As novidades, tendências e delícias do mundo do vinho sem um gole de “enochatismo”. Marianne Piemonte é jornalista, sommelière e empresária do mercado de vinhos.

A lenda bíblica em torno de um vinho que vem ganhando espaço no Brasil

Bebida teria sua origem em uma casta plantada por Noé após o dilúvio

Por Marianne Piemonte
Atualizado em 24 Maio 2025, 13h45 - Publicado em 24 Maio 2025, 13h40

A história em torno da origem de uma cepa ancestral rende uma boa conversa de mesa de bar, com taças cheias. Segundo a Bíblia, no Livro do Gênesis, assim que ancorou sua arca no Monte Ararat, Noé plantou uma parreira e fez vinho com as frutas dela. Muitos garantem que essa parreira era da uva Saperavi (pronuncia-se “Saperaví”, com um acento no “í”), da Geórgia. Assim, esse país do leste europeu que ao norte faz fronteira com a Rússia, ao sul com a Turquia e é banhado pelo Mar Negro seria o berço da bebida que há 8 000  anos faz parte da história da humanidade.

Claro que não há nenhuma comprovação a respeito do papel da Arca de Noé enquanto berço dos vinhos, mas não há produtor que não cite a história na hora de falar sobre a Saperavi. Trata-se de uma espécie tintureira, como se chamam as poucos qualidades que têm casca e a polpa escura. Ela é cultivada hoje na Rússia, Armênia, Moldavia e Austrália De alguns anos para cá, a variedade caiu nas graças dos produtores do Sul do Brasil. “É uma cepa muito resistente à umidade, que é um dos principais problemas que enfrentamos aqui no Brasil”, diz o francês Gaspar Desurmont, da Vinhetica, que produz o Georginano (80% Saperavi e 20% Syrah, fermentada na madeira brasileira Putumuju e depois envelhecida por um ano em carvalho francês) na Campanha Gaúcha, no Rio Grande do Sul, quase na fronteira com o Uruguai.

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Sistema ancestral de vinificação da Saperavi na Geórgia com Qvevri, recipientes de barro enterrados no chão (Reprodução/VEJA)

Desurmont conta que na França só ouviu falar da Saperavi há cerca de cinco anos, quando esteve no museu do vinho em Bordeaux. Por aqui, quem o incentivou a plantá-la foi o vinhateiro James Carl, que faz vinhos naturais e com baixa intervenção com essa uva em Monte Belo do Sul, na sua vinícola Negroponte Vigna. Para Carl, graças a essa característica, a Saperavi pode vir a se tornar a ‘uva emblemática do Brasil”, pelo menos para os produtores que pretendem usar menos veneno. Só o tempo e as mudanças climáticas dirão se a previsão vai se confirmar. Independentemente disso, o fato é que, segundo o Ministério da Agricultura, entre os anos de 2020 a 2023 a produção de Saperavi em território nacional subiu 458%, saindo de 1,8 toneladas para 10,7 toneladas.

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Gaspar Desurmont: ele Georginano (80% Saperavi e 20% Syrah, fermentada na madeira brasileira Putumuju e depois envelhecida por um ano em carvalho francês) na Campanha Gaúcha (Divulgação/VEJA)
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Parte considerável dessa multiplicação é feita por por vinícolas pequenas e artesanais. Um exemplo disso é Peculiari, do Vale dos Vinhedos, que assina um potente Saperavi (R$ 198). A casta também está no radar de produtores maiores, como a Aurora, que apresentou na mais recente edição da Wine South America o seu exemplar da uva georgiana. Nesse caso, eles conseguiram domar os taninos com envelhecimento por 12 meses em carvalho americano de segundo uso. O resultado é um vinho muito gastronômico, fácil de beber e repleto de aromas de frutas escuras, como ameixa, que é uma das características da Saperavi. Conhecido como “vinho negro”, por conta da cor impenetrável nos balcãs, é uma bebida que pode ser combinada com pratos mais encorpados. Agora, com as temperaturas mais baixas, é o par perfeito para uma bela polenta com ossobuco.

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O Saperavi lançado pela Aurora: envelhecido doze meses em carvalho americano (Reprodução/VEJA)

Vale sempre a recomendação para apreciar essa ancestral cepa com moderação. A Bíblia conta que Noé se embriagou com o vinho produzido com a parreira plantada após o dilúvio (a cena é retratada em uma pintura de Michelangelo no teto da Capela Sistina).

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