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Crônicas do mundo tecnológico e ultraconectado de hoje. Por Filipe Vilicic, autor de 'O Clube dos Youtubers' e de 'O Clique de 1 Bilhão de Dólares'.
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Julio Vasconcellos, investidor: “O Brasil cresce sem depender de governo”

Em conferência na Califórnia, onde mora, o empreendedor conta por que escolheu retornar ao Brasil, mesmo em meio à crise do país

Por Filipe Vilicic, de Palo Alto (Califórnia)
Atualizado em 10 abr 2019, 15h45 - Publicado em 10 abr 2019, 13h34
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  • “Apenas 1,5% do PIB brasileiro é hoje de empresas de tecnologia. Nos EUA, as cinco maiores companhias são da área. O Brasil talvez não chegue lá. Mas no mínimo seremos como a Índia, onde 9% do PIB é do setor. Se isso ocorrer, já representará um mercado potencial de 500 bilhões de dólares. Quero pegar um pedaço para mim”.

    Assim Julio Vasconcellos, fundador do Peixe Urbano (vendido para a gigante chinesa Baidu em 2014), analisa o cenário brasileiro. Para ele, a indústria da inovação irá se multiplicar “sem depender de governo”, apesar de que “o governo poderia ajudar”.

    Ao longo de sua vida, Vasconcellos morou 12 anos nos EUA. Como no período no qual estudou na Universidade Stanford, antes de retornar ao Brasil, em 2010, para a fundação do Peixe Urbano. O negócio foi um mega sucesso. Há três anos, o carioca voltou com a família para São Francisco para seguir carreira de investidor. Injetou dinheiro em algo como 150 empresas, a grande maioria delas nos Estados Unidos. Em paralelo, fundou a Canary, com a qual investiu em startups brasileiras – em torno de 45, ao todo, em dois anos.

    Todavia, mesmo com todas as oportunidades abertas a ele em terras estadunidenses, resolveu, neste ano, retornar ao Brasil. O que concretizará em junho próximo. Isso seguindo na contramão da vontade da maioria dos brasileiros; segundo levantamento do Datafolha, do ano passado, 56% dos brasileiros com formação superior gostariam de deixar o país, assim como 62% dos jovens.

    “Tomo essa decisão, com minha esposa, tanto por questão pessoal quanto profissional. Acho a cultura brasileira muito mais gostosa. Nesse sentido, foi um certo ‘sacrifício’, entre aspas, morar na Califórnia. Mas também acho que há agora mais oportunidade profissional no Brasil”.

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    Segundo avalia, é uma vantagem para investidores o fato de que o mercado digital brasileiro está em sua infância. Nisso, ele vira um “peixe grande em uma lagoa menor”. “A minha experiência no setor também se tornar um maior diferencial no Brasil do que nos EUA”.

    Vasconcellos compartilha que irá morar no Rio de Janeiro. Uma cidade que passa por uma crise aguda. “Mas há certo exagero. Exageramos quando falávamos que o Brasil estava decolando, há anos atrás. Assim como exageramos que agora estaria tão negativo. Há muita euforia, sempre”, avalia. “Tanto que os 8 unicórnios – termo usado para definir startups avaliadas em acima de 1 bilhão de dólares; como a Stone e a 99 – brasileiros foram criados, ou chegaram a tal patamar, nos últimos dois anos. Em meio à crise”.

    No entanto, além da questão profissional – e da “cultura mais gostosa” –, o empreendedor e investidor vê seu retorno como parte de uma missão maior. “Empreendimentos, como os unicórnios, têm impacto positivo na vida de milhões de brasileiros. Volto para o meu país com vontade de promover esse efeito social, de melhorar a vida de meus conterrâneos. Para assim transformar setor como os de Educação, de Saúde Pública e o Financeiro”.

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    Ele se mostra especialmente empolgado com novos movimentos políticos que partem de iniciativas privadas. A exemplo do RenovaBR, fundado pelo empresário Eduardo Mufarej e que conta já com políticos como a deputada federal Tábata Amaral (PDT-SP). “Motiva ver pessoas apostando suas vidas em mudar o Brasil”.

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    Com seu retorno à terra-natal, abandonando o “comodismo no Vale do Silício”, Vasconcellos ainda deseja motivar outros empreendedores e investidores – que hoje estão fora do Brasil – a segui-lo, como exemplo.

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    ** A conversa com Julio Vasconcellos se deu durante a conferência Brazil at Silicon Valley, em Palo Alto (Califórnia), da qual ele é um dos apoiadores.

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