Manchas de petróleo já atingiram quase 50 municípios de oito estados da região Nordeste, de acordo com o Ibama. Ainda não se sabe qual é a origem do vazamento de óleo no mar, mas os animais agonizam com a contaminação. No Rio Grande do Norte, onde o Projeto Cetáceos da Costa Branca, da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, tem o Centro de Descontaminação de Fauna Oleada, único com a estrutura necessária para casos de contaminação por óleo, uma tartaruga-oliva está na fase final de recuperação para, se tudo correr bem, ser devolvida ao mar. Além dela, uma tartaruga-verde foi encontrada em uma das praias de Natal, capital do estado, mas já estava morta. Outro registro foi feito por um pescador na região, que tentou limpar o animal e o devolveu ao mar.
Por mais que, até o momento, o projeto tenha registrado três animais contaminados por óleo, isso não quer dizer que outros não estejam sofrendo no oceano. Aqueles que chegam até a costa são os que foram carregados pela correnteza. Quando acontece esse tipo de contaminação, a tartaruga perde o controle de seus movimentos. É como se ela ficasse presa dentro de uma bolha de óleo, sem poder nadar e se alimentar.
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De acordo com o biólogo e coordenador-geral do Projeto Cetáceos da Costa Branca, Flávio Lima, esse tipo de poluição é o pior que pode acontecer para os animais. “É uma situação muito complexa para eles. Além da contaminação imediata e visível, como a sujeira na carcaça e nas nadadeiras, a intoxicação pode ser crônica, com sintomas a longo prazo. A absorção pelas mucosas faz com que a contaminação chegue à corrente sanguínea e pode atingir o fígado e os rins”, explicou. Ao longo da vida, os animais podem até ter problemas neurológicos, como a perda de visão.
Todo o procedimento de resgate e limpeza pode levar cinco dias. Uma equipe especializada retira o óleo dos órgãos externos, como boca, ânus, narina e olhos. Depois, se o animal estiver estável, a limpeza é interna. Uma das etapas inclui o uso de uma sonda gástrica no estômago para iniciar uma barreira de contaminação. Apenas depois de terem certeza que o animal não se contaminará ainda mais nos órgãos internos é que os especialista vão se preocupar com a carcaça e as nadadeiras. Por fim, a última etapa é de observação em um tanque com água, para ver se o comportamento de mergulho, respiração e alimentação está estável. Os animais são devolvidos ao mar quando há confirmação de que a contaminação foi controlada. “Depois de todo esse processo, não podemos devolver o bicho ao mar para se contaminar de novo”, afirmou Lima.
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