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Último rinoceronte branco do norte entra no Tinder

Único macho vivo da espécie estreou campanha no aplicativo de namoro para receber doações que financiem a reprodução 'in vitro' e o salvem da extinção

Por Da Redação
Atualizado em 25 abr 2017, 15h52 - Publicado em 25 abr 2017, 15h46

Sudán, o último rinoceronte branco do norte macho, entrou no Tinder, aplicativo de relacionamento, nesta terça-feira. Depois de ter fracassado em se reproduzir naturalmente com as suas companheiras Najín e Fatu, as duas últimas da subespécie, o mamífero de 43 anos protagoniza uma campanha divulgada no aplicativo para arrecadar fundos para sua reprodução assistida, que deve ser feita por fertilização in vitro. Caso o usuário dê like em Sudán e mova a tela para a direita, o aplicativo dá as instruções para as doações, que vão de 25 a 500 dólares. Como os três rinocerontes estão com idades avançadas, se a Ol Pejeta Conservancy, ONG responsável pela campanha, não atingir os nove milhões de dólares necessários para pesquisas envolvendo o procedimento, a espécie pode ser extinta.

“Eu sou único. Falando sério, sou o último rinoceronte branco do Norte o planeta Terra. Não queria ir direto ao ponto, mas o futuro da minha espécie depende de nós dois. Eu gosto de comer grama e relaxar na lama. Trabalho sob pressão na boa, isso não afeta meu desempenho. Tenho um metro e oitenta e peso duas toneladas e meia”, diz o seu perfil no aplicativo que pode ser visto em 190 países em mais de quarenta idiomas — inclusive o Brasil. Nesta terça-feira, as doações somavam 18.700 dólares.

Sudán, Najín e Fatu vivem juntos na área de preservação da Ol Pejeta Conservancy, no Quênia, mas até hoje, não conseguiram se reproduzir naturalmente, por conta da idade avançada e de problemas de saúde. Devido ao grande valor de seus chifres, eles são protegidos 24 horas por dia por guardas armados, além de serem marcados com rádio-transmissores. Os chifres desses animais são tidos como milagrosos e afrodisíacos em algumas culturas asiáticas e são vendidos por até 60.000 dólares o quilo no mercado negro, cerca do dobro do preço do ouro. Com a caça ilegal, o rinoceronte branco do norte que, nos anos 1960, contava com uma população de 2.000 indivíduos, tinha apenas 15 em 1980.

Sudan, rinoceronte branco do norte ganha perfil no Tinder
Sudan, rinoceronte branco do norte ganha perfil no Tinder (Tinder/Reprodução)

Rinocerontes em extinção

Se as pesquisas forem bem-sucedidas, a reprodução dos rinocerontes brancos do Norte será a primeira fertilização em vitro feita na espécie. Segundo Richard Vigne, CEO da Ol Pejeta Conservancy, essa é a última opção para salvar esses animais da extinção, já que de todas as outras tentativas de reprodução falharam. “A situação que os rinocerontes brancos do Norte enfrentam atualmente é um sinal para o impacto que a humanidade está tendo em milhares de outras espécies em todo o planeta. O nosso objetivo é reintroduzir uma população viável dessa subespécie de volta para a natureza”, disse Vigne em comunicado.

Nos últimos dois anos, pesquisadores da Alemanha, Estados Unidos e Japão têm desenvolvido uma técnica de fertilização in vitro conhecido como aspiração folicular (OPU, ovum pick-up em inglês) em fêmeas de rinoceronte branco do sul, a outra subespécie de rinoceronte branco. Nela, eles retiram os óvulos da fêmea diretamente dos ovários e, posteriormente, os colocam junto a espermatozoides, em placas de vidro, que fecundam o óvulo e formam o embrião.

Os cientistas obtiveram sucesso nos primeiros estágios do desenvolvimento embrionário mas enfrentam dificuldades em fazer com que essas células vivam o bastante para serem introduzidas no útero dos animais. No entanto, eles estão otimistas quanto a obtenção e utilização dos óvulos de Najín e Fatu nos próximos meses. As fêmeas já estão sendo estimuladas com hormônios para o processo, mas não serão elas que carregarão os bebês, já que Najín tem uma deficiência nas patas traseiras e Fatu, uma patologia no útero. Assim, quando fertilizados com o uso de sêmen previamente armazenado, os embriões serão introduzidos em rinocerontes brancos do Sul, na tentativa de nascerem rinocerontes brancos do Norte. Com essa técnica, os cientistas pretendem gerar novos dez exemplares da subespécie em cinco anos.

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