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Rio sob calota polar antártica favorece perda da camada de gelo

Estudo mostra que fluxo de água é mais ativo do que se pensava anteriormente, o que pode torná-lo mais suscetível às mudanças climáticas

Por Da Redação 27 out 2022, 18h04
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  • Um rio de 460 quilômetros sob a calota polar da Antártica pode afetar o fluxo de água e a velocidade do derretimento do gelo em função do aquecimento global. A conclusão faz parte de um estudo assinado por pesquisadores do Imperial College London, da Universidade de Waterloo, no Canadá, da Universiti Malaysia Terengganu e da Newcastle University publicado nesta quinta-feira, 27, na revista Nature Geoscience.

    A região onde este estudo se baseia possui gelo suficiente para elevar o nível do mar globalmente em 4,3 milhões. Quanto desse gelo derrete, e com que rapidez, está ligado ao quão escorregadia é a base do gelo. O sistema fluvial recém-descoberto pode influenciar fortemente esse processo.

    “Quando descobrimos lagos sob o gelo da Antártica há algumas décadas, pensamos que eles estavam isolados uns dos outros”, disse o professor Martin Siegert, do Imperial College London, coautor do estudo. “Agora estamos começando a entender que existem sistemas inteiros lá embaixo, interconectados por vastas redes fluviais, assim como poderiam ser se não houvesse milhares de metros de gelo em cima deles.

    O rio coleta água na base da camada de gelo da Antártica, uma área do tamanho da Alemanha e da França juntas. A descoberta foi feita por meio de uma combinação de pesquisas de radar que permitem aos pesquisadores vislumbrar o que há sob o gelo e criar um modelo da hidrologia do manto. A equipe se concentrou em uma área inacessível e pouco estudada que atinge o Mar de Weddell.

    “A partir de medições de satélite, sabemos quais regiões da Antártica estão perdendo gelo e quanto, mas não sabemos necessariamente o por quê”, diz Christine Dow, da Universidade de Waterloo, líder da pesquisa. “Essa descoberta pode ser um elo perdido em nossos modelos. Poderíamos estar subestimando enormemente a rapidez com que o sistema derreterá ao não levar em conta a influência desses sistemas fluviais.”

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    O rio recém-descoberto emerge no mar sob uma plataforma de gelo flutuante. A água doce do rio, no entanto, agita a água mais quente em direção ao fundo da plataforma de gelo, derretendo-a por baixo.

    Estudos anteriores analisaram a interação entre as bordas das camadas de gelo e a água do oceano para determinar como é o derretimento. No entanto, a descoberta de um rio que chega a centenas de quilômetros para o interior conduzindo alguns desses processos mostra que não é possível entender completamente o derretimento do gelo sem considerar todo o sistema: manto de gelo, oceano e água doce.

    A existência de grandes rios sob o gelo também precisa ser levada em consideração ao prever as possíveis consequências das mudanças climáticas na região. Se os verões forem quentes o suficiente para causar o derretimento da superfície para que a água atinja a base da camada de gelo, isso pode ter grandes efeitos nos sistemas fluviais, potencialmente levando a Antártida a um estado semelhante à Groenlândia, onde a perda de gelo é muito mais rápida.

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