Frigoríficos têm sido pressionados por ambientalistas a combater o desmatamento praticado por pecuaristas. Apesar disso, o impacto dessa atividade continua considerável. De acordo com um levantamento divulgado nesta quarta-feira, 22, pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), se não houver fiscalização, uma área de 3 milhões de hectares, o equivalente ao estado do Alagoas ou a 20 vezes a cidade de São Paulo, poderão ser desmatadas na região amazônica, até 2025, em função da criação e venda de animais para a produção.
De acordo com o relatório, os números vêm crescendo. Mesmo sob forte pressão para o setor se desvincular do desmatamento, a exposição dos frigoríficos a áreas destruídas aumentou 6,8 milhões de hectares em 2016 para 14,2 milhões de hectares em 2022. A ameaça de destruição futura foi estimada levando em consideração fatores como proximidade de derrubadas recentes ou antigas e a distância para rios, estradas e frigoríficos.
Nesse mesmo período, houve um aumento de 34% no número de empresas signatárias do Termo de Ajustamento de Conduta junto ao Ministério Público Federal para a não compra de animais oriundos da derrubada irregular da Amazônia, mas segundo o levantamento, 61 estabelecimentos ainda estão fora do acordo – sozinhas, essas empresas são responsáveis por 29% de tudo o que pode ser abatido na região.
O Imazon também levantou as empresas que estão mais expostas a esse desmatamento. As que formaram o top 5 foram a JBS, seguida por Vale Grande, Masterboi, Minerva e Mercúrio, com áreas de exposição que variam de 2,5 a 10 milhões de hectares.
Os responsáveis sugerem que a fiscalização seja aprimorada para evitar o desmatamento, o que pode aumentar significativamente a responsabilidade do Brasil no aquecimento global. A principal medida sugerida é o rastreamento dos animais desde o nascimento, o que permitiria identificar aqueles oriundos de áreas desmatadas – algo que deve começar a ser efetivado apenas em 2025.
“É inviável aceitar esse prazo para um problema que se arrasta há décadas, ainda mais quando ele pode representar o desmatamento de uma área do tamanho de Alagoas”, afirma Paulo Barreto, um dos autores do estudo, em comunicado. “Se forem tomadas medidas urgentes focadas nas principais zonas de compra, já será possível evitar grande parte da derrubada prevista”