Estudo recente patrocinado pela Nasa, a agência espacial americana, mostra que o Oceano Antártico absorve mais carbono da atmosfera do que libera, o que o torna um forte sumidouro e um importante atenuador dos efeitos das emissões humanas de gases de efeito estufa. Levantamentos prévios feitos na região não haviam sido conclusivos sobre o poder de absorção das águas antárticas.
No estudo publicado pela revista Science em dezembro, os cientistas descobriram por meio de sobrevoos na região que as águas absorveram cerca de 0,53 petagramas (530 milhões de toneladas métricas) a mais de carbono do que liberam a cada ano. Os dados foram coletadas de 2009 a 2018 durante três experimentos de campo.
Quando as emissões de dióxido de carbono causadas pelo homem entram na atmosfera, parte do gás é absorvida pelo oceano, um processo que pode desacelerar ligeiramente o acúmulo de carbono na atmosfera e aumentar a temperatura. Parte disso é devido à ressurgência de água fria do fundo do oceano. Uma vez na superfície, a água mais fria e rica em nutrientes absorve o carbono da atmosfera – geralmente com a ajuda de organismos fotossintetizantes chamados fitoplâncton – antes de afundar novamente.
Modelos de computador sugerem que 40% do carbono produzido pelo homem em todo o mundo foi absorvido pelo Oceano Antártico. Medir esse fluxo, no entanto, tem sido um desafio. Estudos anteriores basearam-se em medições da acidez das águas, que aumenta com a absorção de carbono. A nova pesquisa utilizou aeronaves para medir mudanças na concentração de carbono na atmosfera sobre o oceano.
“Você não pode enganar a atmosfera”, disse Matthew Long, principal autor do estudo e cientista do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica (NCAR). “Embora as medições feitas na superfície do oceano e na terra sejam importantes, elas são muito esparsas para fornecer uma imagem confiável do fluxo de carbono no ar e no mar. A atmosfera, no entanto, pode integrar fluxos em grandes extensões.”