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Mangustos listrados emitem sons parecidos com o dos humanos

Mesmo uma chamada de uma única sílaba está estruturada e pode ser comparada ao sistema de vogais e consoantes da fala humana

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h23 - Publicado em 18 jan 2013, 07h49
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  • Pesquisa feita com mangustos listrados (Mungos mungo), um animal carnívoro típico do África, mostra que expressões sonoras em animais podem ser mais complexas do que se pensava, ou seja, os animais são mais eloquentes do que se supunha até então. A última descoberta é a de que esses animais emitem sons monossilábicos cuja estrutura é semelhante a dos seres humanos. Mesmo uma chamada de uma única sílaba está estruturada, portanto, pode ser comparada ao sistema de vogais e consoantes da fala humana. Essa simples sílaba é capaz de fornecer informações sobre a identidade e a atividade de quem fala. “Compreender a comunicação animal e encontrar análogos com a linguagem humana pode nos ajudar a compreender melhor a evolução da fala humana”, disse David Jansen, doutorando em comportamento animal e um dos autores.

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    CONHEÇA A PESQUISA

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    Título original: Segmental concatenation of individual signatures and context cues in banded mongoose (Mungos mungo) close calls

    Onde foi divulgada: periódico BMC Biology

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    Quem fez: David AWAM Jansen, Michae A. Cant e Marta B. Manser

    Instituição: Universidade de Zurique, Suíça

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    Dados de amostragem: Nove grupos de mangustos listrados com 6 a 50 animais, cada

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    Resultado: Mangustos listrados emitem sons monossilábicos cuja estrutura é semelhante a dos seres humanos

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    Publicado em dezembro no periódico BMC Biology, o estudo foi feito por biólogos comportamentais da Universidade de Zurique, que conseguiram demonstrar que os animais se comunicam com unidades de som ainda menores que a sílaba. O estudo foi realizado em Uganda, onde a equipe pôde coletar os dados, entre fevereiro de 2009 e julho de 2011, em nove grupos que continham, cada, de seis a 50 animais. Em cinco deles, uma equipe acompanhou a maioria dos animais com um microfone para fazer observações detalhadas.

    O que motivou os pesquisadores a realizar esse estudo, segundo Jansen, é que a partir de trabalhos anteriores a equipe já sabia dois fatos: que as chamadas cujo objetivo é manter contato entre mangustos listrados são individualmente distintas; e que os filhotes são capazes de reconhecer indivíduos adultos específicos. Na maioria das outras espécies as chamadas para manter contato não apresentam muitas variações. “Ouvindo os mangustos listrados no campo eu percebi que existia uma considerável variação. Em seguida, partimos para investigar como a assinatura (ou identidade) individual é mantida neste contato e que informações adicionais estavam presentes”.

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    Quando os seres humanos falam, eles estruturam sílabas individuais com a ajuda de vogais e consoantes. Mas, devido à anatomia diferente, animais podem produzir apenas um número limitado de sons e chamadas distinguíveis. Expressões complexas de sons de animais tais como sons de baleia e de pássaros são formadas porque as unidades menores do som – chamadas de sílabas – são repetidamente combinados em novos arranjos.

    Essas combinações contêm novas informações. De acordo com Jansen, uma espécie pode ter uma chamada A e uma chamada B e então combiná-las em AB para criar algo novo. Um exemplo são as chamadas “pyows” e “hacks” de um macaco-grande-de-nariz-branco (Cercopithecus nictitans), que vive na África. A primeira vocalização significa leopardo, a segunda significa águia. Quando combinados numa sequência “pyows-hacks”, indica o movimento do grupo.

    “Em estudos de comunicação animal temos que ter muito cuidado com expressões como “significados” e “informações”, pois é muito difícil provar o que os animais querem realmente dizer com as vocalizações”, disse ele ao site de VEJA.

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    A equipe demonstrou que, apesar da brevidade, as chamadas monossilábicas de mangustos listrados exibem várias assinaturas vocais temporalmente segregadas. Eles suspeitaram que elas foram importantes para estudar os chamamentos individuais para a evidência de individualidade e de comportamento. “O som inicial da chamada fornece informações sobre a identidade do animal”, explica Jansen. A segunda parte do som emitido, com um tom diferente, semelhante a uma vogal, quando presente, indica o que o animal está a fazer.

    David Jansen ()

    “Entender a comunição animal pode ajudar a compreender a evolução da fala humana”

    David Jansen

    Doutorando em comportamento animal na Universidade de Zurique

    Qual a importância desse estudo?

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    Nós fornecemos evidências para a combinação de vogais como unidades dentro das sílabas simples na vocalização dos animais. Combinação tal de forma que era pensada como única da fala humana. Ela mostra a complexidade que pode ser encontrada em uma comunicação animal. A nossa investigação, por conseguinte, adiciona uma camada inesperada de complexidade ao campo da comunicação animal. E, adicionalmente, eu acho que o fato de tais descobertas terem sido feitas numa “simples” espécie como a de um mangusto listrado, em vez de em macacos ou primatas, pode ser revelador. Este tipo de resultado nos ajuda a tentar entender a evolução da comunicação animal. Compreender a comunicação animal e encontrar análogos com a linguagem humana também pode nos ajudar a compreender melhor a evolução da fala humana.

    O que muda a partir de agora?

    Em geral, nosso trabalho mostra que um “simples” sinal vocal pode ser muito mais complexo do que se pensava anteriormente. Nossa investigação adiciona uma camada inesperada de complexidade ao campo da comunicação animal. Mostra que mangustos listrados combinam vogais como segmentos de uma forma que foi pensada para a fala humana. Além disso, nós pensamos que a codificação de informações dentro da sílaba em forma de vogal não é exclusiva dos mangustos listrados, mas que está presente em outras espécies e que pesquisas futuras devem encontrar isso.

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