A marcha da evolução dos mamíferos ganhou força após a extinção dos dinossauros, donos do planeta até então, há 65 milhões de anos, quando um enorme meteoro atingiu a Terra. Uma pesquisa recém-publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) revelou que, em 20 milhões de anos, mamíferos do tamanho de ratos, com menos de 10 centímetros e pesando alguns gramas, deram origem a bichos do tamanho dos elefantes, gigantes de quatro metros de altura e até 12 toneladas. Foram 24 milhões de gerações marcadas pela seleção natural e pela capacidade de adaptação, que levaram à dominação de todos os continentes, além dos oceanos. O processo exigiu sacrifícios: Hoje, 90% dos mamíferos que já viveram estão extintos.
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MAMÍFEROS
São animais vertebrados que se caracterizam principalmente pela posse de glândulas mamárias que produzem leite para alimentação dos filhotes. Evoluíram à partir de répteis chamados sinapsídeos e conviveram com os dinossauros por alguns milhões de anos, mas timidamente. Com a extinção desses gigantes, porém, encontraram espaço para crescer e se tornaram a classe dominante no planeta. Hoje são cerca de seis mil espécies. Nossa espécie, o homo sapiens, existe há mais de 160 mil anos.
Mamíferos marinhos, como as baleias, levaram metade do tempo para alcançar seu maior tamanho. “Provavelmente porque é mais fácil ser grande na água, pois ela ajuda a suportar o seu peso”, afirma o paleontólogo Erich Fitzgerald, um dos autores da pesquisa que envolveu 28 tipos diferentes de mamíferos que viveram nos últimos 70 milhões de anos na África, Europa, Ásia e Américas, além dos oceanos. As baleias azuis, maiores mamíferos e maiores animais vivos, têm até 30 metros de comprimento e podem pesar 190 toneladas.
A pesquisa é importante por focar num grande período, pois a maioria dos estudos desse tipo fala sobre microevolução de espécies. “Ao invés disso, nos concentramos nas mudanças grandes no tamanho dos corpos. E percebemos que a evolução foi enorme ao longo das 24 milhões de gerações, mas que isso também levou muito tempo”, disse Alistair Evans, que liderou uma equipe internacional de 20 biólogos e paleontólogos nessa pesquisa. Ainda segundo ele, uma mudança menos dramática, de um animal do tamanho de um coelho para os maiores mamíferos levou ‘apenas’ 10 milhões de gerações.
O crescimento pode ter levado muito tempo, mas as taxas de diminuição do tamanho dos mamíferos diante de dificuldades como a escassez de alimento foi o que mais surpreendeu os cientistas. Em espaços de até 100 mil gerações, muitas espécies de animais diminuíram dramaticamente o tamanho médio em algumas partes do mundo. O processo levou até 10 vezes menos tempo do que o inverso. “A enorme diferença entre ficar menor e ficar maior é incrível. Nós realmente nunca esperamos que pudesse ocorrer tão rápido”, disse Evans.
Fósseis de animais em miniatura, como o mamute pigmeu, o hipopótamo anão e hominídeos diminutos apelidados ‘hobbits’ (em alusão aos personagens da obra O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien), que viviam principalmente em ilhas, ajudaram a explicar a redução de tamanho. “Quando você fica menor, precisa de menos comida e pode se reproduzir mais rápido, o que são vantagens reais em pequenas ilhas”, afirmou o pesquisador.