Séculos atrás, em um mundo muito mais religioso do que o atual, oferendas e sacrifícios a deuses eram comuns, fosse para pedir por colheitas abundantes ou pelo sucesso em batalhas. Agora, arqueólogos acabam de encontrar, no Peru, uma oferenda que pode elucidar ainda mais os costumes dos povos antigos.
Tratam-se dos restos de quatro lhamas sacrificadas em ritual pelos incas, povo autóctone da região. Os corpos dos animais foram naturalmente mumificados, e os especialistas estimam que eles tenham sido mortos há mais de quinhentos anos. A descoberta foi feita durante uma escavação na região de Tambo Viejo.
Uma hipótese é de que os espécimes, que se encontravam muito bem preservados, podem ter sido sacrificados para cimentar a conquista pacífica de um novo local pelo povo inca. Na hierarquia de oferendas dessa população, as lhamas ficavam atrás apenas dos humanos, sendo consideradas animais de prestígio. Assim, a morte das lhamas teria sido parte de uma celebração em razão do recém-obtido território.
Alguns relatos remanescentes dos conquistadores espanhóis que invadiram a América e dizimaram os povos nativos indicam que lhamas marrons eram sacrificadas em homenagem ao deus criador, Virachocha, enquanto as brancas eram dedicadas ao deus-Sol. Esses rituais eram cíclicos, culminando na oferenda de cem dos camelídeos em outubro, como forma de pedir por chuva, e mais cem em fevereiro, como meio de parar a precipitação.
A descoberta, que foi publicada no periódico científico Antiquity, pode ajudar pesquisadores a melhor compreenderem os hábitos e crenças da civilização inca, importantíssima para o desenvolvimento da região onde hoje fica o Peru antes da chegada dos conquistadores.