Um estudo publicado nesta quarta-feira na revista Nature revela que experiências que tentam simular o impacto do aquecimento global nas plantas subestimam o que acontece no mundo real. A pesquisa apoia observações feitas por fazendeiros e jardineiros, especialmente no Hemisfério Norte, segundo os quais plantas sazonais estão florescendo muito mais cedo do que no passado.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Warming experiments underpredict plant phenological responses to climate change
Onde foi divulgada: revista Nature
Quem fez: E. M. Wolkovich, B. I. Cook, J. M. Allen, T. M. Crimmins, J. L. Betancourt, S. E. Travers, S. Pau, J. Regetz, T. J. Davies, N. J. B. Kraft, T. R. Ault, K. Bolmgren, S. J. Mazer, G. J. McCabe, B. J. McGill, C. Parmesan, N. Salamin,
M. D. Schwartz e E. E. Cleland
Instituição: Universidade de Columbia, EUA
Dados de amostragem: 1634 espécies de plantas
Resultado: Estudos feitos com plantas em situações reais mostram que efeitos do aquecimento global é muito maior do que os encontrados em experimentos artificiais
Experimentos artificiais sobre o aquecimento global costumam ser feitos com plantas em uma câmara similar a uma estufa sem tampa ou uma tenda com um pequeno aquecedor para replicar os efeitos do aumento da temperatura.
Estes experimentos mostraram que a florada e a folheação – surgimento de flores e folhas, respectivamente – ocorrem entre 1,9 e 3,3 dias mais cedo para cada 1 grau Celsius de elevação da temperatura. O novo estudo mostra que o número exato é muito maior: as plantas começam a desenvolver folhas e flores entre 2,5 e 5 dias antes a cada aumento de 1 grau Celsius na temperatura.
Esses dados foram encontrados a partir de observações feitas a longo prazo com 1.634 espécies de plantas na natureza e realizadas por 20 instituições de América do Norte, Japão e Austrália.
“Até agora, presumia-se que sistemas experimentais responderiam da mesma forma que os sistemas naturais respondem, mas não é o que acontece”, explicou em um comunicado o coautor da pesquisa, Benjamin Cook, do Observatório Terrestre Lamont-Doherty da Universidade de Columbia, em Nova York.
Estimativas conservadoras – De acordo com a pesquisa, os métodos experimentais podem falhar porque reduzem luz, vento ou umidade do solo, que afetam a maturidade da planta.
Segundo o Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), publicado em 2007, as temperaturas da superfície do globo subiram 0,74 grau Celsius entre 1906 e 2005.
Acredita-se que as tendências atuais de emissões de carbono, um dos fatores que causam o aumento da temperatura no globo, devem provocar uma elevação de 2 graus Celsius na temperatura da Terra ao longo do século XXI.
Para alguns especialistas, estas estimativas são conservadoras. Eles afirmam que muitos locais estão esquentando muito mais rápido do que a média do planeta.
“A floração das cerejeiras, em Washington, um fenômeno meticulosamente registrado e celebrado, se antecipou em cerca de uma semana desde os anos 1970”, destacou o comunicado, publicado pelo Instituto da Terra, da Universidade de Columbia.
Saiba mais
IPCC
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (em inglês, Intergovernmental Panel on Climate Change) foi criado em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a fim de produzir informações relevantes para a compreensão das mudanças climáticas. Por sua contribuição ao tema, o IPCC ganhou o Nobel da Paz em 2007. Entre os 831 especialistas do Painel que vão redigir seu quinto relatório de avaliação climática, a ser publicado em 2014, 25 são brasileiros.
(Com Agência France-Presse)