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Golfinhos têm vaginas capazes de evitar ‘fertilização forçada’

Estudo mostra que algumas fêmeas desenvolveram órgãos sexuais em formatos variados que impedem a entrada de esperma indesejado

Por Da redação
Atualizado em 11 out 2017, 16h48 - Publicado em 11 out 2017, 16h48

As fêmeas de algumas espécies de golfinhos desenvolveram uma poderosa arma para evitar machos indesejáveis: vaginas com formatos diferentes que impedem o acasalamento forçado. É o que demonstra uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira no periódico Proceedings of the Royal Society B. Utilizando moldes de silicone das vaginas desses animais, os cientistas verificaram que as extensas dobras no órgão feminino dificultavam a entrada do pênis – uma característica evolutiva permitia que as fêmeas escolhessem seus parceiros. Além disso, essas mesmas dobras mantinham o esperma indesejado longe do útero.

Segundo os pesquisadores, alguns golfinhos formam alianças de dois a quatro machos em torno de uma fêmea para manter concorrentes afastados. Quando confrontadas com esses grupos, as fêmeas têm pouca escolha sobre com quem elas querem acasalar – e, não raro, acabam acasalando com todos. Porém, as dobras vaginais podem ajudar a selecionar qual será o pai dos seus filhotes, diz Janet Mann, da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos. “Ela pode não escolher com quem ela vai acasalar, mas é capaz de escolher qual macho ou, mais precisamente, qual esperma, vai fertilizar seus óvulos”, afirma, em entrevista ao New Scientist.

A líder do estudo, a bióloga Dara Orbach, da Universidade de Dalhousie, no Canadá, afirma que os cientistas já sabiam que os pênis de mamíferos marinhos, especialmente os cetáceos (grupo ao qual pertencem baleias e golfinhos), variavam muito em termos de tamanho e formato. Mas pouco se sabia sobre as estruturas das vaginas das fêmeas, que eram mais difíceis de observar. Por isso, a equipe ficou surpresa ao perceber que as vaginas possuíam características tão variadas quanto os pênis. “Existe um nível sem paralelo de diversidade vaginal, que antes não tínhamos ideia de que existia”, disse.

Estudos anteriores também afirmam que uma variedade semelhante de formatos de vaginas é encontrada em algumas espécies de pato, todas com características que tornavam mais difícil para os machos forçar um acasalamento. A bióloga, então, suspeitou que a grande diversidade dos órgãos femininos em cetáceos poderia ser pelo mesmo motivo.

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Copulação forçada

Para verificar essa hipótese, Orbach e sua equipe fabricaram moldes de silicone dos órgãos femininos de golfinhos comuns, golfinhos-nariz-de-garrafa, botos e focas – todos mortos por causas naturais. Também inflaram pênis de machos dessas mesmas espécies com solução salina e compararam os órgãos com os moldes vaginais, realizando tomografias dos membros masculinos inseridos nas vaginas da fêmea correspondente para verificar se eles se encaixam facilmente e quais são as melhores posições.

As vaginas dos golfinhos comuns e das focas pareciam acessíveis à penetração, sugerindo que seus órgãos genitais evoluíam para facilitar a entrada do pênis. Mas os botos e os golfinhos-nariz-de-garrafa apresentavam dobras vaginais extensas que obstruíram a entrada do órgão masculino.

Em todas as quatro espécies estudadas, a posição ideal para o acasalamento bem-sucedido era o macho por cima com o pênis penetrando a fêmea por baixo. Qualquer desvio dessa configuração tendeu a uma penetração fracassada. Segundo a equipe, essa combinação entre o posicionamento perfeito e as estruturas vaginais complexas significa que qualquer movimento sutil das fêmeas durante a copulação pode fazer com que o pênis entre em uma posição errada e impedir a fertilização.

“Pode parecer, do ponto de vista comportamental, que as fêmeas são muito passivas”, diz Orbach. “Mas, olhando para a anatomia reprodutiva, estamos aprendendo que elas têm todo tipo de maneiras enigmáticas para controlar a paternidade [de seus filhotes].”

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