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Frustração em Durban à medida que o tempo se esgota

Por Por Richard Ingham e Marlowe Hood
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h51 - Publicado em 9 dez 2011, 17h06

Depois de 12 dias de discussões, as negociações climáticas das Nações Unidas entraram na ‘prorrogação’ nesta sexta-feira com China, Estados Unidos e Índia pressionados a apoiar o projeto europeu de um novo pacto global para conter as emissões de gases causadores do efeito estufa.

A África do Sul, que preside a conferência, adota uma abordagem cautelosa, de construção de consenso, e o resultado das conversações é extremamente imprevisível.

Espera-se que um grupo central de ministros de duas dúzias de países, representantes de países ricos e pobres, entre na disputa noite adentro.

Presumindo que cheguem a um acordo comum, seu compromisso será submetido a um plenário, no sábado, dos 194 países-membros da Convenção-quadro sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês).

Sobre a mesa está um plano europeu que teria o apoio de quase dois terços dos países do mundo.

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Trata-se de um “mapa do caminho” que levará a um acordo a ser negociado em 2015 e que pela primeira vez vinculará todos os países a compromissos legais para enfrentar as emissões de gases estufa.

Colaborando com a proposta europeia estão os países menos desenvolvidos, o bloco africano, pequenos Estados insulares, Brasil e África do Sul, disse a comissária do clima europeia, Connie Hedegaard.

Sem citar nomes, Hedegaard disse que isto deixa Estados Unidos, Índia e China no papel de se posicionar. Os Estados Unidos e a China são os dois principais emissores de carbono do mundo.

Pequim diz não ser contrária a assumir compromissos legais após 2020, mas vinculou esta proposta a uma longa lista de condições.

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Admitindo um contexto político doméstico difícil, os negociadores de Washington evitam assinar qualquer documento com compromissos “legalmente vinculantes”.

“O sucesso ou o fracasso de Durban depende do pequeno número de países que ainda não se comprometeram com o ‘mapa do caminho’ e do conteúdo significativo que certamente deve ter”, disse Hedegaard.

Após atrasos que causaram frustrações perturbadoras, a África do Sul produziu um esboço de texto e convocou o grupo para uma “indaba” (palavra local para fórum tradicional) para discuti-lo.

Mas o documento foi atacado por simpatizantes da proposta do “mapa do caminho” porque não contém o termo “legalmente vinculante” e porque o pacto – descrito como um “marco” – só deverá entrar em vigor após 2020.

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“Colocamos o mundo em um processo de cozimento”, disse à imprensa o chefe da delegação boliviana, Rene Orellana, diretor do grupo esquerdista latino-americano Alba (Alternativa Bolivariana das Américas.

“Esta é a morte do clima”, disse Orellana, em inglês.

“Não é um bom começo”, afirmou Jennifer Morgan, diretora do Programa de Clima e Energia do World Resources Institute (WRI), um “think tank” americano.

Karl Hood, ministro do Meio Ambiente de Granada e que preside atualmente um bloco de pequenos países insulares, foi perguntado se via “um final feliz” em Durban.

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“Não”, disse, em declaração à AFP. “Para mim é terrível. Não gostei nem um pouco do texto que nos deram”, acrescentou.

“É difícil para nós aceitar que se inicia um novo processo no fim deste que se encerrará em 2015 e que só estará operacional depois de 2020. E estamos falando de Deus sabe quando”, afirmou.

O plano do “mapa do caminho” visa a preencher um vácuo em um momento em que os cientistas pedem ações mais duras para conter as emissões de carbono que levam o planeta a piores secas, inundações e tempestades.

A meta é construir uma ponte entre o final de 2012 – quando o primeiro período de compromissos do Protocolo de Kioto expira – e 2020, ano para o qual os países fizeram promessas voluntárias de redução de carbono.

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Essas promessas, segundo os cientistas, estão aquém do que se precisa para evitar que a temperatura do planeta aumente mais de 2ºC com base em níveis pré-industriais.

Pela proposta da UE, o bloco europeu assinaria uma segunda rodada de compromissos de Kioto, satisfazendo desta forma os países em desenvolvimento, como o Brasil, que reinvidicam a preservação do tratado.

Enquanto as negociações avançavam no tempo extra, o ministro do Meio Ambiente das Maldivas, Mohamed Aslam, reuniu algumas centenas de ambientalistas em uma marcha de protesto que bloqueou o acesso principal ao plenário.

“Esta é uma emergência planetária. O mundo precisa agir agora. Poder do povo, não das corporações”, foram algumas palavras de ordem usadas.

Seguranças das Nações Unidas dispersaram pacificamente a manifestação, expulsando algumas dezenas de pessoas, inclusive o diretor do Greenpeace International, Kumi Naidoo.

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