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Expansão do camarão-gigante no Pará gera alerta ambiental

Espécie exótica de água doce prolifera na foz do Rio Amazonas e pode afetar a fauna nativa, mas também desperta interesse comercial entre pescadores

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 fev 2025, 18h26 - Publicado em 7 fev 2025, 14h30

Nos últimos meses, pescadores do Pará começaram a capturar cada vez mais exemplares de um camarão exótico de grande porte. O Macrobrachium rosenbergii, conhecido como camarão-gigante-da-Malásia, foi introduzido no Brasil em 1977 para fins de aquicultura, mas escapou para o ambiente natural e tem se expandido rapidamente pela foz do Rio Amazonas. O fenômeno gerou alarde nas redes sociais, com vídeos de pescadores exibindo capturas do crustáceo e alertando para seus impactos no ecossistema.

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Uma espécie invasora em expansão

Originário do Indo-Pacífico, o M. rosenbergii é um dos maiores camarões de água doce do mundo. Os machos dominantes podem atingir até 32 centímetros de comprimento, enquanto as fêmeas chegam a 25 centímetros. Uma característica marcante são suas garras longas, que podem dobrar o tamanho do corpo. Além disso, a coloração varia conforme a fase de desenvolvimento: os juvenis apresentam um padrão tigrado, enquanto os adultos possuem uma tonalidade azulada.

A espécie tem um ciclo de vida que depende de águas salobras para o desenvolvimento larval, o que normalmente limitaria sua expansão em áreas continentais. No entanto, no Pará, a espécie encontrou condições favoráveis para a reprodução, com fêmeas ovígeras sendo capturadas em estuários, indicando que a proliferação já está ocorrendo no ambiente natural.

Especialistas alertam que a proliferação do M. rosenbergii pode representar um risco ambiental significativo. A espécie é carnívora, agressiva e canibal, predando outros animais aquáticos, incluindo peixes e camarões nativos. Sua voracidade pode levar a um desequilíbrio na biodiversidade local, afetando populações já estabelecidas. Além disso, o crustáceo é conhecido por ser um transmissor do vírus da WSS (White Spot Syndrome), uma doença que pode afetar espécies nativas de camarões e causar prejuízos à pesca.

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Um problema que pode virar oportunidade?

Embora o camarão seja considerado uma ameaça ao equilíbrio ecológico, ele também desperta interesse econômico. Sua carne é valorizada no mercado, e a pesca comercial pode ser uma alternativa para mitigar os danos ambientais. No entanto, a rápida reprodução e a ausência de predadores naturais tornam o controle populacional um desafio.

Casos semelhantes já ocorreram com outras espécies invasoras. O peixe-leão (Pterois volitans), originário do Indo-Pacífico, se espalhou pelo Caribe e pela costa brasileira, ameaçando ecossistemas marinhos. Para conter seu avanço, iniciativas incentivaram sua pesca e o transformaram em iguaria gastronômica.

O que está sendo feito para conter a invasão?

Até o momento, não há registros oficiais de ações emergenciais específicas por parte das autoridades ambientais para controlar a proliferação do M. rosenbergii no Pará. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade ainda não se manifestaram sobre o problema. Pesquisadores seguem monitorando a presença da espécie e avaliando possíveis impactos.

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A espécie é extremamente resistente e tolerante a uma ampla faixa de temperaturas, entre 14 e 35 graus, mas se desenvolve melhor entre 28 e 31 graus. Além disso, prefere pH alcalino (7,0 a 8,5) e se alimenta de uma ampla variedade de fontes, incluindo algas, animais mortos e ração de peixes.

A invasão do M. rosenbergii no Pará ainda precisa ser mais estudada, mas especialistas reforçam a necessidade de medidas de controle para mitigar impactos ambientais. Enquanto o problema não recebe maior atenção do poder público, resta saber se essa espécie será apenas uma ameaça ou se poderá ser explorada comercialmente como alternativa econômica para pescadores da região.

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