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Excesso de açúcar pode levar à depressão, aponta estudo

Pesquisa encontrou relação entre dietas ricas em açúcar, ansiedade e depressão em homens. Segundo cientistas, ligação pode também estar presente em mulheres

Por Da redação
Atualizado em 4 jun 2024, 18h14 - Publicado em 28 jul 2017, 14h57

Dietas com alto teor de açúcar, ligadas ao consumo de refrigerantes e doces, podem estar associadas a um maior risco de problemas mentais comuns, como ansiedade e depressão leve, apontou um estudo publicado nesta quinta-feira na revista Scientific Reports. A pesquisa, feita com homens e mulheres, apresentou tais resultados apenas no grupo masculino – mas, segundo os autores, não é impossível que a associação esteja presente também no sexo feminino, uma vez que outros estudos já verificaram uma relação entre excesso de açúcar e depressão em mulheres.

O trabalho foi liderado por Anika Knüppel, da University College London, no Reino Unido. “Os resultados mostram efeito adverso de longo prazo na saúde mental dos homens, ligado ao excessivo consumo de açúcar proveniente de alimentos e bebidas doces”, disse Anika. Os autores recomendam uma menor ingestão de doces e produtos industrializados com muito açúcar para melhorar a saúde mental.

Açúcar e depressão

Altos níveis de consumo de açúcar já haviam sido relacionados a uma prevalência mais alta de depressão em diversos estudos anteriores. No entanto, até agora, cientistas não sabiam se a ocorrência do problema mental desencadeava um consumo maior de açúcar, ou se os doces é que levavam à depressão.

Para descobrir se a voracidade por açúcar é causa ou consequência dos problemas mentais, os cientistas analisaram os dados de 8.087 britânicos com idades entre 39 e 83 anos, coletados por 22 anos para um estudo de larga escala. As descobertas foram feitas com base em questionários sobre a dieta e a saúde mental de participantes.

Para um terço dos homens – aqueles com maior consumo de açúcar – houve alta de 23% da ocorrência de problemas mentais após cinco anos, independentemente de obesidade, comportamentos relacionados à saúde, do restante da dieta e de fatores sociodemográficos.

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O consumo de açúcar foi medido por 15 itens que incluem refrigerante, suco industrializado, doce, bolo, biscoito e açúcar adicionado ao café. Para homens, foi considerado alto consumo maior que 67 gramas por dia e, para mulheres, acima de 50 gramas. A Organização Mundial da Saúde recomenda uso máximo de 50 gramas por dia e aponta que o ideal é não passar dos 25 gramas.

Gênero

Segundo os pesquisadores, o fato de a ligação entre açúcar e doenças mentais ter aparecido apenas no grupo masculino foi surpreendente. “Esse resultado foi bastante inesperado e não encontramos boa explicação para isso. Mas não é impossível que os resultados também se apliquem a mulheres. Um estudo americano em 2015, exclusivamente com mulheres, também encontrou associação de alto consumo de açúcar e depressão”, disse Anika.

Segundo ela, há várias explicações biológicas plausíveis para a associação entre açúcar e depressão. A principal delas é que o açúcar reduz os níveis do chamado fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, na sigla em inglês), que ajuda no desenvolvimento de tecidos cerebrais. “O BDNF tem sido discutido como um facilitador da atrofia do hipocampo em casos de depressão”, disse Anika.

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“O doce me acalma”

Açúcar e ansiedade estão na vida do empresário Mardone Paz, de 38 anos. Ele não sabe se a ansiedade, no seu caso, está ligada ao consumo de doces, mas diz correr a um café ou padaria sempre que bate o nervosismo. “O doce me acalma. Como com frequência mesmo sabendo que não faz bem à saúde, porque gosto muito.”

Por pressão da família, ele passou a se preocupar mais com a alimentação, mas não abandonou o açúcar. “Sei que é preciso, mas não consigo.”

(Com Estadão Conteúdo)

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