O ministro da Defesa, Raul Jungmann (PPS-PE), afirmou nesta quarta-feira que o governo brasileiro vai permitir inicialmente aos Estados Unidos o uso do Centro Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, para o lançamento de foguetes ao espaço. Além dos EUA, o ministro disse que Israel, Rússia e França também já manifestaram interesse em usar a estrutura do equipamento. Entre os planos do Ministério para firmar parcerias vantajosas financeiramente, também estão a retomada do projeto de ampliação da base de lançamentos e mudanças na governança e normas do centro.
As informações foram divulgadas por Jungman no Fórum de Investimentos Brasil 2017 . O ministro não citou um prazo para envio do projeto, mas disse que “muito em breve” o centro vai estar em plenas condições de funcionamento. Um Conselho Nacional de Espaço também será criado para servir como um comitê executivo que dará suporte à administração do centro de lançamentos. “Nós estamos em processo de discussão o modelo de governança do centro. Esse é um setor que pode movimentar milhões de dólares por ano”, disse Jungmann.
Já a ampliação do CLA depende da incorporação de parte das terras de quilombolas daquela região. Segundo o ministro, líderes quilombolas estariam de acordo com a cessão de doze mil hectares, mas o assunto ainda se encontra na Casa Civil para discussão.
De 2003 a 2015, o centro tinha parceria com a Ucrânia, que acabou sendo desfeita devido aos altos custos do projeto. Agora, o governo Temer prepara um projeto de lei que autoriza o uso do equipamento brasileiro por governos estrangeiros. Uma versão do projeto já havia sido apresentada em 2001, mas foi retirada do Congresso para ganhar um novo texto.
Alcântara
Em 22 de agosto de 2003, a explosão de um foguete na base de Alcântara provocou a morte de 21 pessoas e a destruição da torre de lançamento no Maranhão. A tragédia esfriou os investimentos brasileiros no setor e fez com que o programa espacial fosse repensado.
O Centro Espacial de Alcântara está em uma posição privilegiada para o lançamento de satélites geoestacionários de comunicação e meteorológicos, os mais visados do mercado de lançamentos. O custo para uma operação de lançamento a partir da lá é 30% menor. Isso ocorre porque a base está próxima do equador, local onde a força de rotação da Terra é mais bem aproveitada para impulsionar os satélites em suas órbitas.