As ondas de calor na Europa poderão triplicar as mortes associadas a altas temperaturas até 2100, ultrapassando as 120 mil mortes anuais, se as políticas climáticas atuais continuarem as mesmas. As populações mais atingidas serão as localizadas nas regiões sul do continente. As descobertas, publicadas em um estudo da The Lancet Public Health, alertam para a emergência da adoção de medidas voltadas para a limitação dos efeitos do aquecimento global e a proteção das regiões mais vulneráveis do planeta. A pesquisa também revela que as mortes atribuídas ao frio – atualmente muito maiores do que ao calor – ainda permanecerão altas, embora apresentem uma ligeira diminuição de 363.809 para 333.703 até o fim deste século.
Nos últimos anos, os países Europeus têm enfrentado alguns dos verões mais quentes da história. O calor em nível recorde coincide com altas taxas de mortalidade. Mais de 47.000 pessoas morreram no continente em 2023, o ano mais quente já registrado globalmente e o segundo mais quente na Europa, de acordo com a estimativa de um estudo liderado pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), publicado na Nature Medicine. Os idosos costumam ser os mais afetados, o que é um agravante para os próximos anos, já que o número da população idosa no planeta deve aumentar ainda mais nos próximos anos.
O estudo do Lancet Public Health usou dados de 1.368 regiões em 30 países europeus para modelar as disparidades atuais em mortes por temperaturas quentes e frias e estimar como os riscos podem mudar até 2100. O conjunto de dados – gerado pela análise das características epidemiológicas e socioeconômicas de 854 cidades europeias com populações acima de 50.000 – foi usado para modelar o risco regional de mortalidade para diferentes faixas etárias (de 20 a mais de 85 anos). Estimativas de mortes atuais e futuras relacionadas à temperatura foram produzidas para quatro níveis de aquecimento global (1,5 °C, 2 °C, 3 °C e 4 °C) usando uma combinação de 11 modelos climáticos diferentes.
O estudo estima que as temperaturas quentes e frias atualmente causam 407.538 mortes por ano em toda a Europa, sendo 363.809 relacionadas ao frio e 43.729 ao calor. As mortes por frio são mais altas na Europa Oriental e nos países bálticos, e mais baixas na Europa Central e em partes do Sul, com taxas que variam de 25 a 300 mortes por 100.000 pessoas.