No Brasil, um porcento das empresas privadas são consideradas de médio porte, o que significa um universo de 67 mil negócios. Elas são responsáveis por 20% dos empregos e 25% da massa salarial interna. Para entender como parte delas conseguiu registrar crescimento e alto crescimento entre 2016 e 2021, período atravessado por bons ventos e também pela pandemia, a Fundação Dom Cabral (FDC) realizou um estudo ouvindo 779 desses empreendimentos. Foram analisadas estruturas que têm entre 50 e 499 funcionários ou que registraram faturamento anual entre 4,9 milhões de reais e 300 milhões de reais. Os resultados têm uma margem de confiança de 95% e de erro na ordem de 3,5%.
Entre os principais fatores de crescimento das empresas de médio porte, os pesquisadores identificaram a realização de fusões ou aquisições, o apoio do conselho consultivo, o reinvestimento de lucros e o recrutamento de novos colaboradores. Na contramão do senso comum, a pesquisa também mostra que as empresas que cresceram e as campeãs de crescimento ignoram a redução de preços para ganhar volume e mercado e utilizam estratégias mirando alto valor agregado: foco em mercado de nicho, inovação de produtos e serviços, venda com altas margens de lucro e customização.
Já as barreiras para o crescimento das médias empresas no país, segundo o estudo, são os excessos e a complexidade das regulamentações estatais, o alto custo do capital, investimentos frustrados em inovação e com conselhos administrativos ineficientes. Por outro lado, as campeãs de crescimento são mais resilientes às barreiras tradicionais enfrentadas pelos negócios: altos impostos, forte competição do setor, custo do capital, indisponibilidade de crédito e escassez de recursos internos.
“No geral, as B2B [empresas que vendem para outras empresas] têm uma performance de alto crescimento melhor do que as B2C [empresas que vendem para o consumidor final]”, diz o o professor Diego Marconatto, que participou da pesquisa. “Isso é muito marcado nas empresas de médio porte.”
Os países desenvolvidos têm como uma de suas grandes marcas setores fortes de médias empresas, diz o pesquisador. O maior motor de exportação da Alemanha são esses negócios. Nos Estados Unidos, perfazem 3% do mercado, o que corresponde a 200 mil empresas, e são responsáveis por um terço dos empregos no país. “No Brasil, o poder econômico está concentrado nas grandes empresas”, diz Marconatto. “Temos que dar mais força para as pequenas e médias, para democratizar o mercado e impulsionar a nossa economia.”