Por muitas décadas, as drogas psicodélicas foram vistas com desprezo, meras substâncias tóxicas capazes de prejudicar a vida de uma pessoa. Nos últimos anos, contudo, essas drogas passaram a ser usadas em tratamentos contra doenças psiquiátricas, em que trouxeram resultados promissores.
Prova disso são os muitos estudos recentemente publicados com esse tema. Em maio, uma pesquisa divulgada na revista científica Nature Medicine revelou que, junto com acompanhamento psicológico, o uso medicinal de MDMA pode trazer significativo alívio a pacientes com casos severos de transtorno de estresse pós-traumático.
Um mês antes, uma publicação no periódico New England Journal of Medicine indicou os benefícios de se tratar depressão com psilocibina, a substância psicoativa presente em cogumelos alucinógenos. De acordo com os pesquisadores envolvidos no estudo, é apenas uma questão de tempo até que a Food and Drug Administration, agência responsável por licenciar remédios e tratamentos nos Estados Unidos, aprove a utilização terapêutica de compostos psicoativos. A estimativa é de que o aval venha perto de 2023.
Enquanto isso, borbulham pelo mundo pesquisas sendo realizadas em laboratórios e universidades que têm como foco a aplicação dessas drogas em casos psiquiátricos. Além dos já mencionados, a Ayahuasca e o LSD estão entre os compostos em análise.
Mais do que impulsionar o tratamento da saúde mental, a recente efervescência do debate acerca de drogas psicodélicas pode fazer com que a sociedade trate o assunto de forma cada vez menos afetada pelo tabu que cerca essas substâncias. Ao mesmo tempo, a legalização, em alguns países, de drogas como a maconha também pode diminuir preconceitos.
Prova disso é o fato de que, de acordo com a Forbes, o Ocidente está prestes a receber sua primeira loja de cogumelos alucinógenos, no melhor estilo de Amsterdam. O estabelecimento, que ficará na Jamaica, oferecerá produtos baseados nos cogumelos e também livros ou panfletos que exploram o consumo dessa droga.
Ao que tudo indica, a discussão sobre essas substâncias caminha a passos largos, tanto no ramo acadêmico quanto no dia a dia. Quem sabe, nas próximas décadas, o uso de drogas seja encarado de modo completamente diferente do que hoje.