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Como a ingestão de carne ajudou na evolução humana

A criação de ferramentas que cortassem a carne auxiliou a reduzir a mastigação. O processo transformou a estrutura dos dentes e boca dos nossos ancestrais – aumentando nosso cérebro

Por Da Redação
Atualizado em 4 jun 2024, 23h04 - Publicado em 11 mar 2016, 11h59
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  • Pesquisadores identificaram que a ingestão de carne pode ter sido um dos fatores que auxiliaram na evolução humana. O estudo, publicado na última edição da revista Nature, revelou que o processamento de alimentos e uma dieta rica em proteínas foram decisivos no desenvolvimento do cérebro humano, além de induzir à evolução de características modernas, como dentes e boca menores.

    A carne entrou para a dieta dos seres pré-humanos há cerca de 2.6 milhões de anos – e só foi cozida há 500.000 anos. Enquanto a ingestão de vegetais e frutas não formava uma dieta altamente calórica, raízes como beterraba e batata eram difíceis de serem mastigados cruas. O cenário não era favorável para a alimentação dos ancestrais: os humanos teriam que mastigar cerca de 15 milhões de vezes por dia para continuarem vivos comendo somente raízes, segundo os autores da pesquisa, Katherine Zink e Daniel Lieberman, biólogos evolucionistas da Universidade de Harvard. Foi assim que a carne surgiu como uma boa alternativa.

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    Ao analisarem fósseis do nosso ancestral mais famoso, o Homo erectus, que viveu há 2 milhões de anos, os pesquisadores identificaram que, apesar de ter cabeça e corpo maiores que os pré-humanos anteriores a ele, a dentição, boca e sistema digestivo eram mais delicados. A resposta para essa contradição poderia estar nos instrumentos que esse ancestral construiu para facilitar a ingestão de proteína animal – como lanças e martelos feitos de pedra, que auxiliaram no corte e trituração do alimento.

    Evolução – Os especialistas alimentaram 24 voluntários com três tipos de raízes (cenouras, batata-doce e beterraba) e um tipo de carne (de cabra, que foi servida crua – tomando os devidos cuidados com possíveis patogênicos). Os alimentos foram processados, fatiados com instrumentos de pedra ou amaciados. Utilizando eletrodos na mandíbula dos pesquisados, os pesquisadores mediram quanto os músculos da cabeça trabalhavam para garantir o processamento do alimento. Os resultados da pesquisa mostraram que, ao modificarem suas dietas, incluindo carne que foi cortada ou amaciada, os esforços que os ancestrais fizeram para mastigar reduziram em 26%. O corte da carne reduziu em 12% a força necessária para mastigar. Ao aprender a cortar a carne para comê-la, os ancestrais deixaram para trás os grandes dentes que eram necessários para rasgar a proteína animal. Isso pode ter levado às mudanças no crânio e no pescoço, auxiliando no desenvolvimento dos órgãos relacionados à fala.

    O crescimento do cérebro ao longo dos anos também foi resultado da ingestão de carne, de acordo com os pesquisadores. A proteína foi essencial para fornecer mais calorias – com menos esforço – aos humanos, favorecendo o crescimento do cérebro, um órgão que exige muitos nutrientes. “O processamento da carne com ferramentas de pedra e, mais tarde, com o cozimento, desempenhou um papel importante na evolução humana. A transformação trouxe rostos mais curtos e uma estrutura que permitiu o aumento no tamanho do cérebro. Parte do que nós somos hoje é resultado da redução da mastigação”, explicou Daniel Lieberman.

    (Da redação)

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