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Cientistas identificam continente perdido na separação da Pangeia

Há 155 milhões de anos, a Argolândia se desprendeu da Austrália e se fragmentou em ilhas do Sudeste Asiático

Por Marília Monitchele Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 nov 2023, 18h26 - Publicado em 8 nov 2023, 18h25

No início, havia a Pangeia, uma gigantesca ilha de terra que abraçava todos os continentes que conhecemos. Há cerca de 230 milhões de anos, no entanto, esse quebra-cabeças perfeitamente montado começou a se fragmentar. Inicialmente deu origem a dois grandes continentes: Laurásia, ao norte do Hemisfério, e Gondwana, ao sul. Naturalmente, os movimentos continuaram até chegarmos à configuração atual de nosso planeta, com seus seis continentes. O que muitos não sabem é que esse processo de lento afastamento resultou em desaparecimentos misteriosos, que permaneceram sem explicação por séculos. Alguns desses enigmas, porém, começam a ser desvendados. 

É o caso de Argolândia, faixa continental de 5.000 quilômetros de comprimento, que há cerca de 155 milhões de anos se separou da costa oeste da Austrália. O afastamento pode ser confirmado pela Planície Abissal de Argo, um “vazio” que se estende pelas profundezas do oceano e indica que houve terra naquela região em um passado distante. Os rastros deixados no fundo do mar sugerem que o continente seguiu para noroeste, parando em regiões próximas à Indonésia e Mianmar, nas ilhas do Sudeste Asiático. Surpreendentemente, as pistas acabam aí. 

Agora, Eldert Advokaat e Douwe van Hinsbergen, uma dupla de geólogos da Universidade de Utrecht, na Holanda, sugerem que a crosta da Argolândia começou a se fragmentar no que eles chamam de “Argopélago” de ilhas menores há 300 milhões de anos, quando Antártida, América do Sul, África, Austrália e Índia ainda faziam parte de Gondwana.

Os pesquisadores diferenciam a crosta terrestre das ilhas do Sudeste Asiático em dois tipos: crosta oceânica, mais pesada, e crosta continental, mais leve. Os vestígios mais leves podem ter sido parcialmente escondidos abaixo do nível do mar, como aconteceu com a Grande Adria, outro continente “perdido”. Em algum momento no passado, a Grande Adria mergulhou no manto terrestre, mas a camada superior ficou para trás e foi dobrada para formar as montanhas do sul da Europa. Argolândia, entretanto, não deixou vestígios na forma de estratos rochosos dobrados, aumentando o mistério.

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Os geólogos concluíram que Argolândia se desfez em pequenos fragmentos, mas suas digitais ainda estão lá. “A situação no Sudeste Asiático é muito diferente de lugares como África e América do Sul, onde um continente se dividiu nitidamente em dois pedaços”, diz Eldert Advokaat, em nota.  “Argolândia se dividiu em muitos fragmentos diferentes”. As pequenas partes formaram uma espécie de colagem e Argolândia acabou escondida sob as selvas da Indonésia e de Mianmar,  fragmentada em pequenas ilhas asiáticas. A teoria dos pesquisadores se encaixa com o desenvolvimento geológico de regiões vizinhas, como Filipinas e Himalaia.  

A hipótese, além de solucionar o misterioso desaparecimento de Argolândia, também ajuda os cientistas a compreenderem a curiosa linha Wallace, uma fronteira invisível que divide dois mundos. Passando pelo meio da Indonésia, a barreira separa a vida selvagem da Ilha. A oeste, há uma fauna tipicamente asiática, com elefantes, rinocerontes, tigres e orangotangos. Do lado leste, uma mudança brutal no ecossistema, as espécies asiáticas dão lugar a animais típicos da Oceania, como marsupiais, cacatuas e dragões de komodo. As diferenças entre a biologia dos dois lados são maiores do que as que acontecem entre a fauna da Inglaterra e do Japão. Agora, a estranha fronteira pode ser explicada pelo movimento de Argolândia, que pode ter levado sua vida selvagem para longe da futura Austrália antes de chegar ao Sudeste Asiático.

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